Um nipo-americano no Japão (Inglês)
(Inglês) O fato de eu ser um nipo-americano no Japão e de ter chegado aqui como um nipo-americano – eu diria que isso fez a coisa mais difícil logo que eu cheguei aqui. Eu acho que fui passando por fases. No começo foi difícil porque havia muitas expectativas. As pessoas encontram com você e acham que você fala japonês. “Você é japonês. Por que não fala japonês?” E eu acho que em parte era minha culpa porque eu não aprendi japonês antes de vir para cá. Mas também havia expectativas em termos de comportamento. Eu aprendi isso na escola, quando eu estava trabalhando na universidade. A estrutura do mundo dos negócios japoneses – as hierarquias que eles estabeleceram são bem claras, e as formas de comportamento associadas a essas estruturas também são bem claras. Eu nunca fui um conformista, mas isso me mostrou uma nova maneira de ver as coisas. Devido ao fato de eu ser um estrangeiro nesse país, eu tive que criar meu próprio caminho e aprender sobre isso tudo. Mas é verdade, isso dificultou as coisas.
Então, eu comecei a aprender mais japonês e isso passou a facilitar as coisas de uma certa forma. Deixa eu repetir o que falei sobre os Estados Unidos. Isso fez com que fosse mais fácil para que eu me desassociasse daqueles americanos óbvios que eram muito grosseiros e desagradáveis, que se comportavam mal talvez por causa do choque cultural ou seja lá qual fosse a razão. É como se eu fosse um “gaijin às escondidas”. Às vezes, você consegue tanto fazer parte da multidão quanto sair dela. Mas com respeito à minha interação com os japoneses, aquilo [aprender o idioma japonês] me facilitou muito porque – na segunda fase – foi muito mais fácil porque não havia aquela tensão. Eles não estavam se encontrando com este estrangeiro óbvio. Eles estavam se encontrando com alguém com quem eles podiam se relacionar sem aquele nível extra de tensão.
E eu diria que na terceira fase voltou a ficar mais difícil porque minha sensibilidade americana, em termos de ser um indivíduo fazendo as coisas do meu jeito, começou a se manifestar novamente. É claro, eu sei como o sistema japonês funciona, e eu sei como os japoneses pensam e trabalham – não tudo, mas a maior parte. Mas ao mesmo tempo – eu estou naquela situação agora. Antes, eu aceitava mais as coisas. Eu aprendi como as coisas eram, e acabei descobrindo coisas que eu não gostei sobre como a sociedade funciona, ou sobre interações, relações humanas, ou a maneira das pessoas agirem. E agora eu fiz decisões conscientes sobre essas questões. Ou seja, as coisas, mais uma vez, ficaram um pouquinho mais complicadas.
Data: 12 de setembro de 2003
Localização Geográfica: Tóquio, Japão
Entrevistado: Art Nomura
País: Art Nomura, Finding Home.