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Escola de idiomas

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Alguns estudantes de ESL sugerem que o inglês é uma língua difícil de aprender. Certamente a pronúncia das palavras pode deixar até mesmo o falante de inglês mais proficiente um pouco maluco. A nossa língua é uma compilação de muitas fontes diferentes, principalmente europeias.

Se você estivesse estudando inglês pela primeira vez, acharia que a pronúncia do inglês era difícil ou fácil?

O que você faria, por exemplo, quando se deparasse com a categoria de palavras “ough”?
Dada uma sucessão de palavras como: “ramo, através, difícil, vale, porém, pensamento e lamaçal”, é o suficiente para fazer sua cabeça girar. Na verdade, a última palavra “slough” pode ser pronunciada de duas maneiras, “sluff” e “sloo”. O que há de errado com aquilo?

Colocando-me no lugar de um aprendiz de línguas, descobri muito quando estudei a língua portuguesa. Ao contrário do inglês, o português brasileiro apresenta um nível geral de consistência em toda a sua tabela de pronúncia. A dificuldade do português, como de qualquer língua românica, está no verbo. Existem dezessete conjugações verbais e mais de mil verbos irregulares. Tomemos como exemplo o verbo “sentar”.

A conjugação do passado simples em inglês é muito simples: “Eu sentei, você sentou, ele, ela sentou, nós sentamos, vocês (todos) sentaram, eles sentaram”. Compare isso com o equivalente em português: Eu senti-me; você sentaste-te; ele, ela, você enviou-se; nós sentámo-nos; vos sentáreis-vos; eles, elas, vocês sentam-se. Louco!

Minha aventura linguística deu um grande passo em uma escola missionária de idiomas em São Paulo. Perto do bairro japonês da Liberdade, ficava a vinte minutos a pé do meu apartamento, do outro lado da ponte da Av 23 de Maio, descendo a Rua Pedroso até à Igreja Presbiteriana. Fiz um intensivo de três semanas nesta escola.

O programa de idiomas foi projetado para nove meses, não três semanas. Meus colegas estudantes, que estiveram presentes para o curso completo de idiomas, eram cidadãos chineses, coreanos, suíço-alemães e americanos. Exceto pelo luxo de falar inglês com os poucos americanos, a língua usada para comunicação entre esse corpo discente internacional era o português.

A escola tinha um sistema linguístico de cinco faixas: vocabulário, gramática, conversação, vocabulário técnico (religioso), ensino/apresentação. Oh meu Deus! Havia tanta informação acumulada em meu cérebro que fiquei bastante confuso na hora da minha partida!

Durante os anos seguintes, eu teria muitas oportunidades de aproveitar minhas três semanas de treinamento em português. Recebi convites para falar em diversas igrejas e grupos comunitários por todo o Brasil. Certa ocasião, fui convidado para falar em uma igreja mais próxima de casa, na região de São Paulo chamada “Norte”.

Como esse compromisso foi planejado com cerca de uma semana de antecedência, indiquei ao pastor que pegaria o metrô até a estação Santana, a poucos quarteirões da igreja. Perguntei se poderia ligar para ele da estação para ser pego. Ele concordou que este seria um bom plano.

Ao chegar à estação Santana do metrô, no dia marcado, liguei para a igreja e falei com a esposa do pastor – que falava japonês e apenas algumas palavras em português e nada de inglês. Foi um pouco frustrante pois tentei indicar em português que estava esperando na estação e que poderiam me buscar nas “cataratas”. Tive uma noção vaga, mas incerta, da palavra que deveria usar.

A esposa perguntou: “Onde?”

“Perto das cataratas”, respondi.

Ouvi-a desligar o telefone e perguntar a alguém na igreja: “Ele está nas cataratas. Tem catarata na estação do metrô?”

Meu pequeno treinamento em português me disse intuitivamente para usar outra frase em português que pudesse comunicar melhor minha localização. “Na saída lá embaixo”, eu disse.

“Oh”, ela respondeu, “ao lado das catracas”. "Sim!" Eu disse, aliviado, “catracas”.

Acontece que eu estava usando a palavra errada. O que eu estava dizendo para ela era “me buscar na cachoeira”. A palavra que usei foi “cataratas”. A palavra que precisei usar foi “catracas”, que significa “catraca”.

Catracas/Cataratas. Veja quão perto?

A diferença era realmente apenas algumas letras. Mas essa diferença significou que os planos de falar naquela manhã foram quase frustrados, pois uma falha de comunicação teria me impedido de chegar ao meu destino. Bem, nós descobrimos isso e foi motivo de boas risadas. Acho que incluí isso na introdução da minha mensagem naquela manhã. =)

Um posfácio: Pensando nisso agora, a palavra “catraca” é um exemplo de onomatopeia, uma palavra que soa como o que é. Se você disser isso algumas vezes, catraca (pronuncia-se “kah-trah-kah”) catraca, catraca, é na verdade o som mecânico estridente que uma catraca faz quando uma pessoa passa por ela.

© 2011 John Katagi

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Sobre esta série

John Katagi é ex-funcionário do Museu Nacional Nipo-Americano. Ele compartilha memórias de quase duas décadas de viagem à América do Sul. Suas experiências resultam de estudo e observação como parte da equipe de direção da JEMS, uma agência intercultural com sede em Los Angeles.

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About the Author

John Katagi é ex-funcionário do Museu Nacional Nipo-Americano. Ele compartilha memórias de quase duas décadas de viagem à América do Sul. Suas experiências resultam de estudo e observação como parte da equipe de direção da JEMS, uma agência intercultural com sede em Los Angeles.

Atualizado em fevereiro de 2012

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