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Copa do Mundo: mesmo vinte anos depois, foi uma noite inesquecível

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16 de julho de 1994. Estávamos em São Paulo, Brasil. Somos Curt, Grace, Chris, Ruth, Albert, Darin e eu. A cerca de 12.700 quilômetros de distância, no Rose Bowl, em Pasadena, estava em andamento um evento que iria abalar o nosso mundo. O evento foi a final do jogo da Copa do Mundo de Futebol.

John, na foto atrás do cara da primeira fila à direita, com a seleção norte-americana e amigos brasileiros em 1994.

Devo dizer que ter visto meu filho Brandon jogar futebol na liga de futebol de West Covina me deu compreensão e apreço pelo jogo. Assistindo à televisão no meu pequeno apartamento alugado no Bosque da Saúde, me vi explicando o jogo aos meus colegas de trabalho californianos.

O jogo ficou sem gols após duas prorrogações e a partida iria para a fase de pênaltis. Cada equipe daria cinco chutes e o time com mais chutes a gol seria declarado vencedor. Antes de apresentar o resultado, tenho algumas observações.

1. Os americanos sabem pouco ou nada sobre futebol. Na verdade, estou bem com isso. Vindo de Los Angeles, tenho espaço para os Lakers, os Dodgers (mas não os Angels - que tiveram um desempenho brilhante e de parar o coração para se tornarem campeões mundiais de beisebol em 2002) e, em 1994, tanto os Raiders quanto os Rams ainda estavam em cidade. Numa meca dos esportes, é difícil se encaixar no futebol, embora eu tenha conseguido assistir a vários jogos do meu filho.

2. O mundo chama o futebol de “futebol” ou, no Brasil, de “futebol”. É pronunciado “fooch ball”. A Copa do Mundo, ao contrário da World Series, é verdadeiramente um evento mundial.

Nosso passatempo americano tem uma perspectiva um tanto estreita do que constitui o mundo. A Liga Principal de Beisebol inclui times dos EUA e alguns times canadenses. Mas a “World” Series não inclui a América Latina. Nem a Ásia. Em contrapartida, o futebol é um fenômeno internacional. Países como a Turquia e a Bulgária enviam a melhor seleção do seu país para a Copa do Mundo. A natureza internacional do WC foi vista em 2002, quando dois países menores do futebol, Japão e Coreia, sediaram a Copa do Mundo.

3. É uma questão de orgulho nacional. Vemos isso nos EUA durante as Olimpíadas, quando multidões cantam: “EUA! EUA!" Mas nossos esportes coletivos, como basquete ou futebol, envolvem cidades ou universidades, seja Los Angeles, Pittsburgh, USC. É uma questão de direito de se gabar local. Em contraste, a Copa do Mundo é a oportunidade para uma nação inteira encher o peito de orgulho. A honra nacional, bem como o ego nacional, permanecem ou caem nos resultados da Copa do Mundo.

Então, de volta ao meu apartamento no Bosque da Saúde, sento-me com meus companheiros americanos assistindo ao tiroteio final entre Itália e Brasil. O placar está empatado em 0 a 0 quando o Brasil desfaz o empate com um goooooaaalllll! (Sim, o Brasil também faz isso) A final dos pênaltis foi de três gols a dois. O Brasil conquistou seu tetracampeonato mundial!!!

Sentados na sala, sentimos a cidade de São Paulo ganhando vida rapidamente. Houve fogos de artifício, barulho de explosões, gritos e um rebuliço geral nas ruas. Todos chegamos à mesma conclusão de que não queríamos ficar sentados em casa em uma ocasião nacional tão importante. Decidimos ir até ao centro (centro da cidade).

Caminhar até à estação de metro da Praça da Árvore foi uma experiência pois vimos todo o nosso bairro virado para a rua. Vimos ônibus urbanos superlotados passarem com pessoas penduradas nas portas e nas janelas, gritando a plenos pulmões. Embarcamos no metrô para ir ao centro da cidade. Depois de passarmos por várias estações, decidimos que era hora de descer para nossa própria segurança. Torcedores exuberantes haviam embarcado no metrô e balançavam o trem inteiro de um lado para o outro. O sistema de metrô de São Paulo é tecnologia de ponta, mas eu não tinha certeza se havia sido testado para uma vitória na Copa do Mundo!!

Que experiência! Foi um momento no país que não se repetiria para mim.

Em 1998, eu estava em São Paulo quando o Brasil jogou de surpresa na última partida contra a França, perdendo por 3 a 0. Eu estava na casa da família Takada, num bairro chamado Saúde. Você podia sentir a decepção caindo sobre a casa e sobre toda a cidade.

Em 2002, quando o Brasil derrotou a Alemanha por 2 a 0 na final e conquistou um pentacampeonato mundial sem precedentes, eu estava dormindo, deixando meu videocassete gravar o jogo. Eu assistiria ao vídeo da final no dia seguinte, no meu quarto em Monterey Park.

Agora que penso no passado, estar no Brasil no mesmo dia em que ganhou a Copa do Mundo foi uma experiência especial.

Provavelmente uma vez na vida.

© 2014 John Katagi

Brasil Copa do Mundo da FIFA São Paulo (São Paulo) futebol (soccer) esportes Copa do Mundo
Sobre esta série

John Katagi é ex-funcionário do Museu Nacional Nipo-Americano. Ele compartilha memórias de quase duas décadas de viagem à América do Sul. Suas experiências resultam de estudo e observação como parte da equipe de direção da JEMS, uma agência intercultural com sede em Los Angeles.

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About the Author

John Katagi é ex-funcionário do Museu Nacional Nipo-Americano. Ele compartilha memórias de quase duas décadas de viagem à América do Sul. Suas experiências resultam de estudo e observação como parte da equipe de direção da JEMS, uma agência intercultural com sede em Los Angeles.

Atualizado em fevereiro de 2012

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