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Conversas à distância com Paty Arakawa – Parte 1

comentários

Patricia Arakawa tem 22 anos e é sansei; Ela estuda Matemática e gosta de poesia e xadrez. Ela é colunista do jornal Perú Shimpo e também publica suas reflexões e preocupações em patyna127.blogspot.com sob o pseudônimo Patydrómeda.

Foto con piezas de ajedrez

PATY: Discriminação em Lima?

No que é minha experiência pessoal, eu não poderia falar mal, e por isso estudei toda a minha vida em escolas não-Nikkei onde meu irmão e eu sempre fomos os “lunares”. Pelo contrário, em todos os lugares que visito sinto que os nikkeis são bem vistos. Não faltam opiniões de “admiro a cultura deles” ou “quão sortuda você é por ter ascendência japonesa”. Penso que a opinião geral dos Nikkei é a de uma pessoa honesta, trabalhadora e atenciosa e, além disso, esta imagem foi aparentemente reforçada pela forma como o Japão recuperou da tragédia do tsunami. Esse conceito, o do país que, mesmo sendo tão pequeno, é progressista, foi transferido para o conceito que eles têm do Nikkei, e isso em parte nos beneficiou muito.

Quem, então, teria a coragem de discriminar uma pessoa honesta e trabalhadora? Embora seja verdade que nem todo mundo vê dessa forma.

Na faculdade, lembro-me, uma vez ouvi um comentário: "Esses chineses deveriam voltar para o seu país...eles estão tirando vagas do nosso." Bom, são coisas que se dizem por ignorância, nunca prestei tanta atenção nelas.

Tem também quem fica chateado quando é chamado de “chinês” porque, dizem, não é chinês, é japonês (hahaha) mas enfim, outras variáveis ​​entram em jogo e depende do ponto de vista. Por exemplo, não fico chateado quando me chamam de “chinês”, mas também não gosto disso.

Pelo contrário, creio eu, somos nós, nikkeis, que por vezes tendemos a ser racistas. Por exemplo, nos jornais eu frequentemente leio anúncios como “Precisa-se de caixa Nikkei” ou “Precisa-se de professor Nikkei”, e por que, ah? E mais, até minha mãe me manda casar com um nikkei!

VICTOR: Também me disseram para “procurar” uma mulher com costumes “semelhantes”, sutil, dizendo, afinal, Nikkei. Não foi assim.

Na universidade – antes de estudar publicidade – sofri discriminação por parte de alguns ignorantes que se acreditavam melhores que os outros e por isso desprezavam e minimizavam o que “não é peruano”…? Eles não tinham em mente que o Peru é construído sobre a soma de muitas culturas e costumes, alguns muito diferentes daqueles considerados “nativos”. Foi nessa época que Alberto Fujimori teve ampla presença e aprovação.

Ainda vejo essas atitudes mas com máscaras, sem franqueza, por medo, por covardia. É o que você vê em cada pessoa ignorante.

Esse tipo de coisa foi o que, no início, me impulsionou a escrever, criando uma catarse com meu fígado artigos que, felizmente, mudaram (o negativo não pode desaparecer com o negativo... na realidade não desaparece, pode ser mudou... começando por si mesmo).

Assim, escrevi sobre problemas sociais e alguns que diziam respeito à comunidade Nikkei, embora nunca tenha conseguido compreender a abordagem totalmente Nikkei porque, primeiro, somos humanos (e, se preferir, segundo, peruanos).

Por isso escrevo para todos e para mim é difícil quando o tema se restringe a algo tão específico, embora nós, nikkeis, tenhamos um repertório de participação muito extenso.

PATY: Olha, Víctor, isso foi nos anos 90, justamente quando o homem que governava o país era de origem não peruana... que curioso.

Saindo um pouco de Lima, eu tinha um primo, aliás, que era filho de uma peruana (net) e de mãe com raízes japonesas. Ele viajou para Nihon quando tinha 5 anos e foi provocado na escola por seu japonês mal falado e, mais ainda, por seu sobrenome. O menino não queria mais estudar. Felizmente isso parece estar mudando, visto que hoje está fora de lugar.

Não consigo imaginar, por exemplo, alguém, na nossa atual Lima, minimizando e desprezando o que é “não peruano”. Seria incongruente com a própria ideologia porque até o mais nacionalista ouve rock argentino ou chileno, assiste a filmes e programas americanos, usa MP4 fabricado na China, acompanha animes japoneses, ou já comeu no KFC, etc.

Você ainda, Victor, sofre esse tipo de discriminação?

Quando você escreve sobre seus artigos sobre fígado, hehe concordo com você, me parece que todo mundo em algum momento (inclusive eu) já escreveu com o fígado na boca, o que não é ruim, considero a catarse algo saudável.

VICTOR: Às vezes encontro pessoas que ainda discriminam e são idosos com crenças errôneas profundamente enraizadas ou são esnobes que acreditam que são perfeitos em muitos aspectos. Mas já não presto atenção a este tipo de pessoas, aceito-as como são e aí ficam, esquecidas... há coisas muito melhores a que prestar atenção.

Es muy cierto lo que dices sobre los productos y servicios de múltiples orígenes que utilizamos y compramos, pero pocos se dan cuenta de ello… les basta asociar el producto al lugar donde lo compraron sin saber el origen de marca o capitales de ninguno de ellos incluido o lugar.

É a falta de comunidade que vivemos hoje, através da globalização mal concebida numa suposta era da informática que não chega nem a metade da humanidade que está perdida em si mesma, sem desenvolvimento interior, com espíritos vazios e pouca projeção sobre. eles próprios, isto é, o que querem fazer da vida e como querem viver os seus presentes.

Parte 2 >>

© 2012 Victor Nishio Yasuoka

discriminação haiku relações interpessoais literatura Paty Arakawa Peru poesia poetas racismo
Sobre esta série

Victor Nishio Yasuoka faz experiências com a vida Nikkei no Peru. Ele se pergunta: “O que é ser Nikkei?” para imaginar um futuro coletivo local e global. Além disso, examina o racismo histórico e contemporâneo, oferecendo uma explicação das consequências da expressão “Chino” [semelhante a “Chink”] e suas razões profundamente enraizadas. E por último, do seu ponto de vista profissional, dá uma visão pessoal do campo das Belas Artes e do apoio cultural dado aos artistas da comunidade.

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About the Author

Victor Nishio Yasuoka é descendente de terceira geração de imigrantes japoneses no Peru. Na metade do ensino fundamental, mudou-se com a família para o Panamá, onde concluiu os estudos. Quase 10 anos depois, retornou ao Peru e encontrou o país completamente mudado. Estudou arquitetura em uma universidade pública, mas percebeu que seu maior interesse estava na área de comunicações. Hoje, morando em Lima, Victor é publicitário, artista visual e colunista.

Para conhecer sua obra, visite seu novo site: www.victor.pe , onde você encontrará toda a sua produção artística, gráfica e literária.

Atualizado em agosto de 2009

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