Carlos Kasuga Osaka é um dos nikkeis latino-americanos mais reconhecidos por seu trabalho filantrópico em todo o continente e por sua bem-sucedida carreira empresarial em seu país natal, o México. Um acidente no início de 2017, que os seus filhos presumiram ter tido um desfecho fatal, levou-os a colocar-se várias questões, incluindo como continuar o legado do pai.
Felizmente, o empresário conseguiu se recuperar e comemorar seus 80 anos com um valioso presente de sua família: a criação da Fundação Kasuga, por meio da qual dirige diversos projetos e busca dar continuidade ao trabalho social em seu país e nas comunidades Nikkei da América. .

Uma das filhas do empresário nikkei, Akemi Kasuga, que visitou Lima para conhecer os projetos artísticos desenvolvidos pela Associação Japonesa Peruana, lembra que o acidente do pai foi um momento que as abalou.
“Os quatro irmãos tinham uma grande incerteza sobre o que iria acontecer, mas foi interessante porque faz você pensar no que vai fazer, como vai superar essa crise, e uma das dúvidas que tínhamos é o que fazer faríamos em família, se quiséssemos continuar com o trabalho social.”
Decidiram que sim, mas que o fariam de uma forma mais institucional, e daí surgiu a decisão de criar uma fundação. “Achamos que era importante fazer desta forma porque gostaríamos que as próximas gerações da minha família tivessem o compromisso e a oportunidade de ajudar os outros.”
EDUCAÇÃO E CULTURA
A Fundação Kasuga foi criada em outubro de 2017 e tem focado o seu trabalho em quatro projetos, aqueles que Carlos Kasuga tem apoiado. Uma delas fica em Acacoyagua, no estado de Chiapas, onde chegaram os primeiros imigrantes japoneses. Jovens que concluem o ensino médio são convidados para uma viagem para conhecer a capital do seu país. “São coisas tão simples como dar-lhes a oportunidade de entrar no metrô, no elevador, ver o Palácio Nacional, as pirâmides de Teotihuacán, saber mais sobre o que é o seu país”, diz Akemi.
Há também o Museu Akane (nome em homenagem à sua avó, que adotou esse nome artístico em seu papel de poetisa), que divulga a história da migração japonesa para o México, mas que aspira a se tornar um espaço cultural que acomode jovens artistas de diversas áreas: artes plásticas, dança, teatro, música, etc.

A fundação também promove iniciativas de diversas instituições na formação de valores como ordem e limpeza. Da mesma forma, criou o Prêmio Orgulho Carlos Kasuga, um reconhecimento em homenagem a seu pai, que pretendem conceder em toda a COPANI (Convenção Pan-Americana Nikkei) a quem se destacou em qualquer área, seja esportiva, artística, cultural , científico ou social, no nível americano.
Embora estes quatro projetos sejam a base da fundação, os Kasugas têm-se envolvido noutras atividades, como a implementação de fornos sem fumo na Escola Nacional de Cerâmica do México, o apoio a atletas ou a limpeza do lago na floresta de Chapultepec. recorreram ao peruano Marino Morikawa.
APOIO À ARTE
Akemi Kasuga deseja retornar ao trabalho como ceramista o mais rápido possível. Estudou cerâmica no Japão e na Suécia e trabalhou na área no México, mas durante 10 anos cedeu à vida familiar. Ela não se arrepende – nesse período foi mãe, viajou para a Austrália – mas sente que é hora de voltar.
Ele planeja reabrir seu ateliê no México, mas também promover espaços e projetos artísticos. Foi assim que veio ao Peru, interessada nas atividades que a Associação Japonesa Peruana vem realizando, incluindo o Salão de Arte Jovem Nikkei. Através do diretor da Fundação Kasuga, Yayoi Shibayama, contataram a diretora de Cultura da APJ, Miyuki Ikeho, para conhecer esses projetos com a ideia de replicá-los no México por meio da fundação.
“A ideia de ter bienais, salões de arte Nikkei em nível pan-americano, ficou interessante para mim. A oportunidade que você pode abrir aos jovens artistas de entrar em contato com outros artistas que de certa forma têm as mesmas origens, de ter uma rede entre artistas do México e de todo o continente, pode ser fantástica”, ressalta.
Akemi aproveitou a possibilidade de apoiar nesta área, na qual considera importante que os jovens artistas tenham apoio no seu início. “De certa forma eu também vivi isso quando era jovem, minha capacidade de me expressar era pelas mãos, pela parte plástica, mas você não sabe como começar, não sabe se tem talento, você quer conquistar o mundo e sente que gostaria de ter o apoio de alguma instituição. Dessa forma a jornada pode ser mais fácil.”
AS NOVAS GERAÇÕES
Em sua visita a Lima, Akemi chegou com sua filha, que visitava o Peru pela primeira vez e se surpreendeu ao ver na AELU uma placa de doação que Carlos Kasuga fez do campo sintético. “O vovô acabou de dar isso?!”, perguntou a filha. “Sim, porque é muito importante ajudar, se você consegue, tem que ser generoso”, respondeu.
É assim na família, com os filhos e sobrinhos. “Que entendam que têm uma responsabilidade social e que os esforços dos nossos antepassados não podem ser desperdiçados. É importante continuar e fortalecer”, afirma Akemi, para quem é importante que a base dure. “É como realmente ter uma empresa com serviço social, acho que quanto mais pudermos ajudar, mais estaremos alcançando o objetivo desejado.”
* Este artigo foi publicado graças ao acordo entre a Associação Japonesa Peruana (APJ) e o Projeto Descubra Nikkei. Artigo publicado originalmente na revista Kaikan nº 115 e adaptado para o Descubra Nikkei.
© 2018 Texto y fotos: Asociación Peruano Japonesa