Tudo começou por acaso em 1975. Rodolfo Montagne havia composto uma música para um concurso nacional que iria escolher a música que representaria o Peru no Festival OTI e pediu apoio a Yoshi Hirose, seu amigo de bairro.
Yoshi nunca tinha feito música profissionalmente. Ele mal tocava violão, mas dominou: fez alterações na letra da música e contribuiu com sua voz “bagunçada” na gravação.
No concurso Hirose subiu ao palco com Montagne para cantar a música. Ele não ganhou, mas foi finalista e os tornou populares. Yoshi lembra que as pessoas os parabenizaram e ao mesmo tempo criticaram a decisão do júri. “O cholito e o chinito devem ter vencido”, gritava a rua.
No longo prazo eles venceram. Eles assinaram contrato com a Rádio Sono e iniciaram uma carreira musical pela qual são lembrados até hoje. Rodolfo foi transformado em Luigi (pelo jogador italiano Luigi Riva) e assim nasceram Yoshi e Luigi. Gravaram discos, participaram de vinte festivais (fizeram sucesso em vários) e tornaram-se convidados regulares em programas de televisão.
Em 1979 eles decidiram se separar. Luigi tornou-se solista e Yoshi começou a estudar música. Em 1987 estreou como arranjador em um festival. Desde então, ele tem feito música no palco e atrás dele. Em 2000 ele se reuniu novamente com Luigi. Quatro anos depois, eles baixaram a cortina para seu segundo palco como dupla.
Yoshi participou de tudo o que a comunidade Nikkei reuniu em matéria musical: Novas Vozes, Nikkei Pan-Americano, Interclubes, Noites de Memória, etc. Ele vasculha suas memórias e surgem nomes como a orquestra Serenata e o grupo Fresa Nisei, grandes animadores das festas dos anos setenta que reuniam a juventude nissei.
A MÁGICA SESSENTA

Embora Yoshi tenha surgido no cenário musical na década de 1970, seus anos favoritos são os anos sessenta. “Eu poderia falar por horas e horas sobre aqueles tempos dominados pela Beatlemania.”
Embora Yoshi tenha surgido no cenário musical na década de 1970, seus anos favoritos são os anos sessenta. Ele se sente privilegiado por tê-los experimentado. Eu poderia falar horas e horas sobre aqueles tempos dominados pela Beatlemania. Você só precisa dar corda uma vez para que sua memória decole.
A música que ele mais ama foi criada naquela época. Grupo favorito: The Beatles. Música: “Strawberry Fields Forever”. Álbum: Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band .
A grande maioria dos artistas que hoje vêm ao Peru teve seu apogeu no século passado. Yoshi conta que nos anos 60 o país acolheu estrelas como Bill Haley e Chubby Checker, no auge de sua popularidade. “Vimos os grandes da época”, lembra ele.
Como posso esquecer as sessões matinais, às quais participei sem falta. Ele acompanhou os Doltons, seu grupo favorito, de filme em filme. Ele era fã de seu vocalista, César Ychikawa. Yoshi conta uma anedota que contou com a participação de seu colega: “Um dia, quando eu estava passando (pelo Museu da) Inquisição, houve uma comoção em uma esquina. Desci do ônibus e era César Ychikawa quem estava sendo 'agredido' pelas pessoas. Eu entrei também, 'agredi' ele também, falei (risos). Ele era um ídolo incrível até hoje.”
Outra banda capital da época eram os Shains. Segundo Yoshi, no Peru os Doltons eram os Beatles e os Shains os Rolling Stones. Ele também cita os Yorks, que se destacaram pela originalidade de suas canções; o Belkings, um dos melhores combos instrumentais do país; e os Saicos, pioneiros do punk, aos quais – admite – não prestou muita atenção porque a sua música não estava em sintonia com a época.
Ele não perde aquela década só por causa da música. “O mundo dos anos sessenta era calmo, iam te agredir na rua, você caminhava às cinco da manhã… El Jirón de la Unión era o melhor lugar para passear”, lembra.
O encanto é quebrado quando a maior banda de todos os tempos se desfaz. “Em 1970, os Beatles decidiram se separar como se quisessem indicar que a magia havia acabado”, explica ele. Mais de quarenta anos depois, Yoshi tenta reviver a magia cada vez que sobe ao palco.
YOSHI E AS ESTRELAS AZUIS
Hirose atualmente faz parte de um trio com nome bem anos sessenta: Yoshi and the Blue Stars, junto com Akira Tokashiki e Tito Silva. Eles interpretam músicas de antigamente como “The Last Kiss”, “Puerto Montt” e “Sukiyaki” (as mais pedidas pelo público), e de artistas como Raphael, Nino Bravo e Formula V.
Akira é arquiteto e fez parte do Arizona Nisei em sua juventude. Deixou a música pelo trabalho e pela família, mas voltou aos palcos convocado por Yoshi. Tito canta desde criança e embora cante músicas de outros artistas, não imita, mas busca dar a cada música uma marca própria. “Para que eles se lembrem de nós”, DIZ ELE.
* Este artigo foi publicado graças ao acordo entre a Associação Japonesa Peruana (APJ) e o Projeto Descubra Nikkei. Artigo publicado originalmente na revista Kaikan nº 67, maio de 2012 e adaptado para o Descubra Nikkei.
© 2012 Asociación Peruano Japonesa; © 2012 Fotos: Asociación Peruano Japonesa / Álvaro Uematsu