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As lembranças do avô (Espanhol)

(Espanhol) Bom, como muitos imigrantes, o vovô veio de barco. Ele não veio durante as primeiras migrações, mas ... não veio com os primeiros grupos, mas chegou aproximadamente em 1924, aos 20 anos de idade. O vovô teve uma vida muito interessante. Acho que é lembrado principalmente pelo Jardim Tanaka. Criou um jardim com flores e plantas que ficava na segunda rotunda da Avenida Pardo, José Pardo, em Miraflores – já não existe mais. O vovô se casou com uma senhora de Moquegua, Blanca Ascárate, uma mulher interessante. Mas ele teve uma vida muito curta; não teve a sorte de viver por muito tempo. Foi muito ativo; eu acho que ele fazia ... as pessoas se lembram do seu trabalho ... Ele tinha uma pequena fábrica de móveis ... Ele desenhava móveis, tinha uma fábrica de garrafas e tinha ainda as flores. Era um grande sonhador, uma pessoa muito ativa e além disso muito instruído em literatura de acordo com a minha mãe, que soube através da sua mãe. A minha avó Blanca dizia que ele era um homem culto, amante da poesia, da literatura, e também sonhador – com muitos projetos para o Peru, visando conectar o Japão ao Peru. Ele perdeu a vida num acidente no mar. Depois de um almoço com a família, ele mergulhou no mar na área de Ancón e não voltou mais. No mesmo dia, o mar o trouxe de volta à praia; no dia seguinte, encontraram o seu corpo na praia de Santa Rosa. Foi assim que aos 36 anos ele deixou de existir. Acredito que foi uma vida muito intensa, muito curta. É o avô que eu nunca conheci, porque do avô britânico eu me lembro um pouco. O avô britânico morreu quando eu tinha oito anos. Por isso eu sempre tive uma grande curiosidade com respeito ao meu avô japonês, de ir atrás de alguém que eu nunca conheci.


Data: 7 de dezembro de 2007

Localização Geográfica: Lima, Peru

Entrevistado: Harumi Nako

País: Asociación Peruano Japonesa (APJ)

Entrevistados

Carlos Runcio Tanaka nasceu em Lima em 1958. Logo depois de ter cursado filosofia no Peru, ele passou a se dedicar à cerâmica. Realizou estudos no Brasil, Itália, e Japão. Participou em exposições em grupo e coletivas no país e no estrangeiro, representando o Peru em diversas bienais da arte contemporânea. Como resultado, suas obras se encontram em museus e coleções privadas em vários países. Expõe individualmente desde 1981 na América Latina, Estados Unidos, Japão e Itália. Nos últimos anos, foi professor convidado em prestigiosas universidades nos E.U.A. e Japão. Em conjunto com suas exposições e seu trabalho de investigação, ele mantém desde 1978 um atelier de cerâmica artística, no qual produz peças utilitárias e objetos funcionais de pedra sabão, utilizando matérias primas locais e fornos de gás para cozê-las (1.300ºC). Em novembro de 2007, expôs suas obras na mostra “Uma Parábola Zen e Dez Contos” (Zen no Ohanashi to Tõ no Chiisana Monogatari / A Zen Parable and Ten Short Stories) na Galeria Ryoichi Jinnai do Centro Cultural Peruano Japonês, na ocasião da XXXV Semana Cultural do Japão. Em dezembro daquele ano, publicou seu primeiro livro com o patrocínio da Associação Peruano Japonesa, cujo título é o mesmo da sua última mostra. (7 de dezembro de 2007)