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A ajuda dos outros japoneses (Espanhol)

(Espanhol) Eu saí de casa e vi à distância um velho com uma bengala maior que um bastão. Ele caminhava vagarosamente e eu pensei: “Ele se parece com o meu pai”. Eu fui me aproximando pouco a pouco deste senhor – e era o meu pai! Quando o reconheci, eu perguntei: “Papai, o que você está fazendo aqui?” Ele estava doente, mal mesmo. Então ele me disse: “Venancio, por favor, me traz um pouco d’água para eu beber”. Fui correndo até em casa, sem dizer nada à mamãe, agarrei um copo, e fui correndo levá-lo para saciar a sede do meu pai. Ele bebeu a água e eu o acompanhei até que chegasse em casa.

Quando ele chegou em casa, imediatamente eu me pus a escrever ... Naquela época eu sabia escrever em nihongo. Eu escrevi em nihongo ao senhor Tsukeo Isayama, que era o líder da colônia japonesa em San Nicolás. Essa carta passou de mão em mão por todas as famílias em San Nicolás, e todos diziam: “Veja o que um menino escreveu”. Eu tinha 9 anos.

Em 3 dias chegaram na fazenda 2 caminhões vazios [sem materiais dentro deles]; [as pessoas dentro dos caminhões] vestidas de luto porque acreditavam que meu pai havia morrido. Um deles de gravata – Isayama ojisan estava de gravata. “Ele está vivo?” “Sim, mas está muito mal”, eu respondi. “Ah, yokatta ne?” – “Que bom, não?” ele me disse. Então fomos ver o que poderíamos fazer. Começaram a carregar as coisas [da casa para dentro dos caminhões]; primeiro carregaram as coisas e depois deitaram o meu pai num colchão e o cobriram todinho e depois [colocaram mais] coisas atrás dele. No outro caminhão, [colocaram] as coisas que ainda estavam na casa.

Um montão das coisas ficaram para trás na casa, mas fomos embora de Llamachupán. Quando chegamos a San Nicolás, já haviam arranjado tudo. Os japoneses eram muito unidos: “O Shinki está chegando; temos que colocar as suas coisas nesta casa”. Nos deram uma casinha na fazenda San Nicolás; ficamos muito bem acomodados nessa casa, mas aí o meu pai não pôde durar muito mais tempo...


Peru Segunda Guerra Mundial

Data: 6 de setembro de 2007

Localização Geográfica: Lima, Peru

Entrevistado: Harumi Nako

País: Asociación Peruano Japonesa (APJ)

Entrevistados

Venancio Shinki Huamán (Supe, Lima, Peru, 1932) é um dos mais importantes pintores peruanos. Filho de pai japonês (Kitsuke Shinki, da prefeitura [província] de Hiroshima) e mãe peruana (Filomena Huamán), ele foi criado na fazenda San Nicolás em Supe, ao norte de Lima, ums dos locais onde os imigrantes japoneses se concentraram nos primeiros anos. Ele estudou na Escola Nacional de Belas Artes do Peru, onde se formou em 1962, conquistando o primeiro lugar no seu grupo de formandos.

Seus quadros misturam as tradições culturais orientais, ocidentais e andinas, sendo expressados através de um surrealismo distinto que apresenta um universo desconhecido e intrigante, partindo de uma técnica refinada e de uma renovada figuração que fazem lembrar outros grandes artistas plásticos latino-americanos. Ele recebeu diversos reconhecimentos e participou em numerosas exposições individuais e coletivas no Peru, Japão, Itália, Estados Unidos, Colômbia, Equador, Brasil, Venezuela, Panamá, e México, entre outros países. Em 1999, no ano do centenário da imigração japonesa ao Peru, ele foi convidado para apresentar suas obras no Museu do Homem em Nagóia, no Japão. Seus trabalhos mais recentes puderam ser apreciados na XXXIV Semana Cultural Japonesa em novembro de 2006, em Lima. Ele morreu em 2016. (Outubro de 2017)

Yamashiro,Michelle

Working together in Okinawa using three languages

Norte-americana Okinawana, cujos pais são peruanos

Naganuma,Jimmy

Forcibly deported to the U.S. from Peru

(n. 1936) Japonês peruano encarcerado em Crystal City

Naganuma,Jimmy

Memories of childhood in Peru

(n. 1936) Japonês peruano encarcerado em Crystal City

Ninomiya,Masato

O ensino de línguas estrangeiras foi estritamente regulamentado durante a guerra

(n. 1948) Professor Doutor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – Advogado – Tradutor