Durante a XV COPANI, realizada de 17 a 19 de setembro de 2010, a juventude Nikkei em nível Pan-Americano teve uma participação transcendental que dará o tom para futuras COPANIs. 1
Assumimos compromissos e propusemos objectivos comuns entre todas as instituições juvenis Nikkei a nível Pan-Americano, para fortalecer a nossa integração e união através de intercâmbios internacionais. Os objetivos comuns acordados são os seguintes: desenvolver pessoas para a formação de líderes, promover o intercâmbio cultural e criar laços de amizade e integração.
Por isso gostaria de aproveitar estas linhas para compartilhar um pouco da nossa história como Movimento de Menores AELU e a importância dos intercâmbios internacionais da juventude Nikkei. Aproveito estas linhas para convidá-los cordialmente a participar de pelo menos 1 dos 5 intercâmbios que até hoje são organizados em nível Pan-Americano, o que é uma experiência inesquecível.
1. SOBRE O MOVIMENTO MENOR - AELU
A Associação Estádio La Unión (doravante AELU) é uma instituição esportiva, recreativa e cultural que desenvolve suas atividades em Lima, Peru. A sua preocupação tem-se centrado em proporcionar aos seus associados e à comunidade peruano-japonesa em particular, e à comunidade peruana em geral, serviços de diversas naturezas, aproveitando as suas instalações desportivas.
A AELU, através do Movimento de Menores AELU, participou representando a juventude Nikkei do Peru junto com o Departamento de Juventude da Associação Japonesa Peruana na COPANI deste ano organizada na cidade de Montevidéu, Uruguai.
O Movimento de Menores AELU ou MOVI, como muitos o chamam, é um grupo que nasceu em 10 de outubro de 1981, liderado por Felipe Agena, Marco Miyashiro e Teruko Asato. Começou com o objetivo de formar meninas, meninos, adolescentes e jovens, para que se tornassem boas pessoas, capazes de liderar mudanças em sua sociedade.
O MOVI realiza atividades para meninas, meninos, adolescentes, jovens e adultos lideradas por jovens voluntários da AELU. Nossos princípios são SERVIÇO, MELHORIA e COMPROMISSO.
Entre suas atividades anuais está o Programa de Férias para meninas e meninos de 3 a 12 anos, atividades recreativas e culturais todos os finais de semana do ano e claro, intercâmbio internacional (que foi tema de discussão na mesa de trabalho juvenil e também no apresentação com todos os participantes da XV COPANI).
Na MOVI sempre quisemos compartilhar o que já fazíamos há vários anos com outros adolescentes e jovens do Peru e do mundo inteiro. Estávamos motivados pela ideia de que se em todas as cidades do nosso país, e depois em todos os países da região, existisse uma organização como a MOVI, que reunisse os jovens preocupados com os menores e os próprios jovens, através da formação de jovens líderes. Na verdade, estaríamos construindo um mundo melhor.
2. A HISTÓRIA DAS TROCAS
2.1. Fundo
Os primeiros intercâmbios nacionais organizados no Peru surgiram como resultado do estabelecimento de contatos iniciais com outras instituições Nikkei no Peru, e durante uma viagem a Trujillo e Chiclayo em 1985, realizamos atividades com os jovens dessas localidades. Pode-se dizer que este foi um dos primeiros intercâmbios com outros jovens nikkeis.
Este primeiro contato com os Nikkei de Trujillo manteve-se durante vários anos e assim criaram também o Movimento de Menores de Trujillo, sendo os participantes do primeiro intercâmbio nacional.
Como pano de fundo dos primeiros intercâmbios internacionais, em 1985, Felipe Agena, nosso coordenador, viajou ao Brasil para participar da Convenção Pan-Americana Nikkei (COPANI) para falar sobre a experiência MOVI.
Em 1987, um grupo de jovens argentinos veio ao Peru para conhecer o país. Os membros do MOVI tiveram a oportunidade de conhecê-los e compartilhar com eles encontros e atividades na AELU. Nesse mesmo ano, a COPANI foi realizada em Buenos Aires, Argentina, e participamos e coorganizamos a mesa juvenil. Viajando por terra desde Lima, chegamos à fria Buenos Aires para compartilhar aquele que foi nosso primeiro contato com Nikkeis de outro país fora do Peru.
2.2. A Primeira Troca: história das trocas
Os diferentes Intercâmbios Nacionais surgiram da mesma iniciativa de estreitar laços com a juventude Nikkei que não se limitam apenas à esfera da capital, mas, pelo contrário, abrangem muitas outras realidades diferentes no Peru.
No dia 10 de janeiro de 1988 tivemos a oportunidade de organizar a chamada Troca Zero. Quatro jovens nikkeis chegaram à AELU vindos de Trujillo durante dois meses e serviram de experiência para fortalecer detalhes e organizar oficialmente nosso primeiro intercâmbio nacional.
O Primeiro Intercâmbio de Adolescentes de Instituições Nikkei do Peru foi realizado durante 5 dias em janeiro de 1989 e chegaram pela primeira vez 12 meninos e meninas das cidades de Trujillo, Pucallpa e Barranca, entre 12 e 15 anos. A intenção foi orientar os participantes para uma formação baseada na liderança, divulgar a cultura japonesa, despertar a consciência nacional (considerando que foi um momento difícil no Peru devido ao terrorismo) e valores como esforço e trabalho.
O primeiro intercâmbio nacional foi organizado pela MOVI e aconteceu nas instalações da AELU, patrocinado pela Associação Peruano-Japonesa.
23. O primeiro intercâmbio internacional
Em 1997, surgiu a consolidação da União Internacional de Clubes e Instituições Nikkei (UNICIN) entre Argentina, Brasil, Paraguai e Peru. É por isso que a atividade com que se inicia a implementação desta união é o sonho há muito aguardado do nosso grupo, a aprovação do projeto de um Intercâmbio Internacional de Jovens Nikkeis, designando-nos como o primeiro grupo de jovens a organizar o Intercâmbio Internacional.
Neste primeiro encontro de jovens, em 1998, recebemos 38 participantes entusiasmados, que se aventuraram numa das aventuras mais fantásticas, nunca antes articuladas por nenhum grupo Nikkei.
Os participantes vieram de cidades vizinhas a Lima como Trujillo e Huacho além de representantes de clubes internos da AELU e também representantes de diversas instituições Nikkei como o Nippon Country Club de São Paulo Brasil e o Nikkei Center Paraguaio de Assunção, Paraguai.
O primeiro Intercâmbio Internacional durou 15 dias, e o segundo, realizado no ano seguinte, 8. Apesar desta mudança na duração da atividade, o sucesso manteve-se, com 80 participantes nessa segunda ocasião.
Nesta segunda ocasião foi realizado o primeiro Seinenbu (programa dentro do intercâmbio), voltado aos jovens líderes dos adolescentes participantes, que incluía em sua maioria maiores de 18 anos.
Em 2004, devido a uma aliança entre a UNICIN e a Associação Pan-Americana Nikkei (APN), jovens Nikkeis do México participaram pela primeira vez.
Em 2006 considerámos conveniente mudar o nome desta actividade para “Leaderchange”; que, em suma, refere-se ao fato de realizar um intercâmbio de jovens líderes nikkeis das diferentes comunidades nikkeis em nível pan-americano. Esta mudança de nome tenta simplificar com palavras a vasta complexidade que uma atividade desta natureza implica.
Da mesma forma, naquele ano organizamos o Primeiro Estágio. O Estágio é uma formação teórico-prática dirigida a jovens que pretendam aprender como se organiza a Leadershipchange, e queiram aplicar esses conhecimentos nas suas instituições para organizar eventos ou atividades a nível institucional, comunitário, nacional ou internacional.
O Estágio ocorre previamente ao Lidercambio, o que permite ao estagiário aplicar o que aprendeu organizando uma das atividades dentro do Lidercambio e apoiar diretamente a Comissão Organizadora nas demais atividades.
Ao longo da história desta atividade, podemos reconhecer que hoje são mais os países que nos visitam, entre eles estão: Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Estados Unidos, México, Paraguai e Uruguai. Cada vez mais, as fronteiras dos países não são barreiras à necessidade de unidade e integração entre nós, jovens nikkeis, distantes das nossas línguas e dialetos, para lutarmos pelo nosso sonho conjunto de um mundo melhor.
3. METODOLOGIA E CONTEÚDO DAS TROCAS
3.1. Sonhos: propósitos das Trocas
Uma das coisas mais importantes que conseguimos divulgar nos intercâmbios foi a metodologia de trabalho. Através de encontros, oficinas e atividades lúdicas e culturais, criamos espaços para que os participantes possam integrar-se e conhecer-se melhor, aprender o que significa ser responsável e comprometer-se com os próprios sonhos, e servir os outros através da partilha de projetos comuns, sendo estes apoiados na cultura Nikkei que temos em comum.
Os objetivos da nossa Mudança de Liderança visam contribuir para o desenvolvimento de capacidades de liderança em jovens e adolescentes pertencentes a instituições Nikkei, reconhecendo preocupações e aprimorando competências.
Para atingir este objetivo, para o Lidercambio 2010 contamos com dois Eixos Transversais: Liderança e Redescoberta Pessoal.
Nós os entendemos como eixos porque cumprem a função de articular as oficinas e atividades do Lidercambio com uma perspectiva específica, visando que esta se torne visível durante as oficinas e atividades.
São transversais porque, sendo aspectos centrais da proposta do Movimento de Menores, devem estar presentes nos conteúdos e visões que são propostas em cada uma das atividades.
3.2. Os conteúdos e atividades também mudam.
Como os objetivos variam a cada ano, em muitos casos as atividades e o que vai ser feito em cada atividade também mudam e isso depende de vários fatores. Na maioria dos casos, percebemos que o que fizemos no ano anterior poderia ser melhorado. Noutros casos, a experiência e os conselhos de antigos membros do MOVI e de amigos próximos ajudam-nos a ter novas ideias. O que procuramos sempre é que as atividades e encontros tenham conteúdos que sejam de interesse e úteis para os adolescentes e jovens, futuros líderes. O sucesso de muitos dos intercâmbios deve-se ao facto de serem jovens como você que conhecem mais de perto os adolescentes e outros jovens, que decidem o conteúdo dos intercâmbios.
4. TROCAS INTERNACIONAIS EM NÚMEROS
Desde o início e com base na experiência na MOVI nos organizamos para fazer o intercâmbio. Contudo, à medida que as trocas continuaram, percebemos que a cada ano tínhamos que melhorar. No início éramos apenas os coordenadores, mas depois precisámos do apoio dos membros do MOVI. Então percebemos que cada atividade precisava de pessoas especializadas em algum aspecto do intercâmbio, como logística ou finanças.
Como referência, conseguimos motivar jovens nikkeis do Brasil, Paraguai, México, Argentina e Bolívi para que cada um deles organize um intercâmbio internacional em suas respectivas cidades. Por isso é importante que compartilhemos os anos em que foram criados intercâmbios internacionais em nível pan-americano:
1989 Primeiro Intercâmbio Nacional (Lima, Peru)
1998 Primeiro Intercâmbio Internacional (Lima, Peru)
1998 Primeiro Intercâmbio Internacional Movimente (São Paulo, Brasil)
2001 Primeiro Intercâmbio Nacional (Assunção, Paraguai)
2003 Primeiro Intercâmbio Internacional (Assunção, Paraguai)
2006 Primeiro Intercâmbio Internacional Vibra Jovem (Cidade do México, México)
Primeiro Intercâmbio Internacional Dale 2008 (Buenos Aires, Argentina)
2009 Primeiro Intercâmbio Nacional de Dokkoisho (Santa Cruz, Bolívia)
O número de pessoas que participam anualmente de intercâmbios internacionais é o seguinte:
Da mesma forma, o número de pessoas por país que participaram atualmente em intercâmbios internacionais é o seguinte:
5. RETROS: EXPECTATIVAS FUTURAS
Como podem ver, já se passaram quase 22 anos de intercâmbios e esperamos que esta aventura continue. E para isso pensamos no futuro. Novos desafios e novas metas nos motivam a seguir em frente: fazer com que mais adolescentes e jovens nikkeis vivam a experiência do intercâmbio, aprendam a melhorar na organização dos intercâmbios, com a ajuda de outros grupos juvenis e profissionais, e criem uma rede de grupos jovens nikkeis para a formação de líderes no Peru e no mundo, e nos comprometermos mais em prestar um serviço que busque o bem-estar de nossa comunidade e de nosso país.
Além disso, implica que dentro desta rede de intercâmbios internacionais, permite a nós, jovens, estabelecer objetivos comuns de curto, médio e longo prazo e de natureza quantificável, para nos avaliarmos constantemente e propormos coisas novas que nos permitam crescer como um comunidade Nikkei e contribuir para o desenvolvimento dos nossos países.
Notas:
1. Quero expressar minha profunda gratidão pelas informações utilizadas na elaboração deste artigo, a Felipe Agena, Mimi Miyagi, Rocío Ley e Sebastian Kakazu, todos amigos e irmãos de sonhos.
* Este artigo é resultado da sessão “Exposição “Intercâmbios Internacionais Nikkei”” na XV COPANI, realizada em 19 de setembro de 2009, em Montevidéu, Uruguai.
© 2009 Gustavo Ytokazu Minami