>> Parte 2
Educação
A maior permanência de brasileiros no Japão tem grandes implicações na questão da educação de jovens filhos de brasileiros (Hatano 2008). Algumas questões e reivindicações podem ser enumeradas, como por exemplo: falta de profissionais da educação, como professores, monitores, coordenação e administração escolar; a necessidade de formação e atualização de professores e agentes educacionais qualificados que atendam à demanda nas escolas brasileiras no Japão; produção e acesso ao material didático e um campo de debate sobre o seu conteúdo; precariedade das instalações e equipamentos escolares como laboratórios, quadras esportivas, computadores com acesso à internet; os onerosos impostos que incidem sobre os imóveis comerciais alugados para a instalação das escolas que são vistas como empresas; isso, por sua vez, leva às altas taxas das mensalidades das escolas brasileiras que acabam fazendo com que muitas famílias brasileiras deixem de colocar suas crianças nessas escolas; falta de auxílio-educação por parte dos governos locais; a barreira da língua japonesa e de uma cultura diferente; evasão escolar – apesar do aumento do número de crianças estrangeiras de 5 a 14 anos no Japão, há uma diminuição no número dessas crianças nas escolas nesse país; aumento de criminalidade dentre outras.
Nesse contexto, podemos verificar uma diversificação das crianças brasileiras no Japão (K. Nakagawa 2008) em dois grupos distintos: um grupo de crianças que nasceram no Brasil e receberam parte de sua educação no Brasil e posteriormente se mudaram para o Japão, onde algumas continuaram os estudos em escolas japonesas e outras em escolas brasileiras; e um outro grupo de crianças que nasceram no Japão, ou foram para lá antes de frequentarem escolas no Brasil. Também se incluem nesse grupo aquelas crianças que foram levadas para o Japão ainda quando muito novas, antes mesmo de dominarem bem a língua portuguesa e a cultura brasileira. Estas últimas crianças – nascidas no Japão ou que para aí foram quando muito pequenas – a maioria não conhece o país de origem (no caso, o Brasil), compreendem um pouco mas precariamente em português. Muitos pais, talvez a maior parte, não dominam bem a língua japonesa, a língua da sociedade hospedeira. A situação se complexifica ainda mais se os pais da criança forem de nacionalidades diferentes, isto é, se o casamento for internacional.
Aliás, pode-se dizer seguramente que a tendência sobre esses assuntos sócio-culturais – como a migração ou deslocamento populacional, família, sociedade, Estado-nação, fronteiras nacionais, junto com outros aspectos como econômico, político, ideológico, nacional, internacional etc. – é de um cenário cada vez mais complexo, requerendo, por sua vez, novas ferramentas, conceitos, metodologias, análises e referenciais teóricos e práticos que sejam capazes de oferecer soluções eficazes sobre a realidade sócio-cultural.
Ainda no aspecto educacional aparecem questões relacionadas ao Ministério da Educação do Brasil (MEC) e do Japão (Monbushō) que assinaram um acordo para melhorar o ensino; Escolas brasileiras no Japão são avaliadas e reconhecidas pelo MEC brasileiro; implementação de educação à distância para professores no Japão a partir das universidades públicas brasileiras; supletivos; escolas técnicas, dentre outras.
© 2010 Elisa Massae Sasaki