“Trabalhar como guia voluntário no Museu Nacional Nipo-Americano é uma experiência muito interessante. Fiz um curso sobre a história dos nipo-americanos, mas não existe um manual para o meu trabalho. Então tenho que estudar constantemente”, diz Yasuyuki Suzuki.
Yasuyuki é um dos guias voluntários do Museu Nacional Nipo-Americano que faz passeios pelas exposições em japonês. Ele aprendeu as explicações das exposições acompanhando os guias voluntários nisseis que faziam passeios em inglês. Para os visitantes japoneses, alguns conteúdos são difíceis de entender, por isso ele conta eventos históricos no Japão do mesmo período cronológico para referência.
Yasuyuki veio para os EUA em 1972 e ajudou sua empresa, Kintetsu, na reconstrução de Japantown em São Francisco como representante no exterior da subsidiária da empresa nos EUA. Até se aposentar em 2009, ele viajou entre o Japão e os EUA e também esteve envolvido no desenvolvimento de Little Tokyo.
Yasuyuki nasceu em 1943 na cidade de Osaka, quando estava ficando claro que o Japão seria derrotado na Segunda Guerra Mundial. Sua casa foi queimada no ataque a bomba em Osaka em 1945, e a família mudou-se para a casa de um parente na província de Nara. Yasuyuki foi a uma loja de arroz do bairro com seu haikyu techo (caderneta de racionamento do governo) e recebeu arroz racionado misturado com feijão, grãos e sementes. Às vezes, ele só comia uma batata-doce cozida no vapor e sem gosto no almoço. Alguns de seus colegas de escola primária perderam os pais na guerra.
“O infortúnio dos nipo-americanos foi que eles foram considerados estrangeiros inimigos, discriminados e expulsos de casa pelo seu próprio governo, que promoveu abertamente a democracia, a liberdade e a igualdade.” Alguns nikkeis nunca falam sobre a sua experiência nos campos de concentração porque se sentem envergonhados. O sofrimento de ter a dignidade humana negada não deve ser comparado com o sofrimento da fome que o povo japonês sofreu durante a guerra. Yasuyuki diz que o nível de sofrimento e dor difere de uma pessoa para outra. “Não adianta competir para ver quem sofreu mais. O importante é pensar por que eles tiveram que passar por essas coisas.”
Yasuyuki liderou visitas do JANM para vários membros do gabinete, políticos, financistas e pesquisadores japoneses. No caso dos políticos, contudo, ele por vezes sente que não consegue explicar o suficiente daquilo que quer explicar, uma vez que permanecem apenas por um curto período de tempo. Ele também notou que alguns visitantes mais velhos do Japão desprezam os imigrantes. Na época de escassez de alimentos antes e depois da guerra, o governo japonês incentivou as pessoas a imigrar, e muitos dos imigrantes da época eram pobres. Yasuyuki diz que eles foram os corajosos que se mudaram para a nova terra de oportunidades em busca de uma nova vida.
Hoje, as pessoas em todo o mundo ainda sofrem com conflitos. Por exemplo, os refugiados sírios, cujo número é estimado em cerca de 6 milhões, são agora vítimas de uma guerra civil entre pessoas da mesma nacionalidade e raça que têm lutado por diferenças religiosas. A Guerra da Bósnia na antiga república da Iugoslávia foi um conflito sobre limpeza étnica. Yasuyuki acredita que o mundo será um lugar melhor se as pessoas compreenderem as diferenças de raça, religião, cultura e política.
No Japão, o ijime (bullying) é um grande problema social e é outro exemplo de ostracismo daqueles que são diferentes. Yasuyuki ensina a importância de compreender os outros aos estudantes do Japão em viagens escolares e similares através da história dos nipo-americanos.
* Yasuyuki Suzuki foi entrevistado por Tomomi Kanemaru e este artigo foi escrito por Ryoko Onishi para Voices of the Volunteers: Building Blocks of the Japanese American National Museum , um livro apresentado pela Nitto Tire e publicado pela The Rafu Shimpo . Esta história foi ligeiramente modificada em relação ao original.
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