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Entidades nikkeis: Comissão de Jovens do Bunkyo

A Comissão de Jovens do Bunkyo (CJB) é uma divisão da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e Assistência Social – Bunkyo, entidade que promove a cultura japonesa no Brasil, cuja sede está localizada no bairro da Liberdade, em São Paulo.

Criada em fevereiro de 1997 com o nome Seinen Bunkyo, a CJB passou por algumas mudanças de nomenclatura, mas manteve seu objetivo, que é preservar e divulgar a cultura japonesa.

Entre os membros, não há exigência de ascendência japonesa. Neste ano e pela segunda vez em sua história, o presidente da comissão não é nikkei.

Eude é o segundo não nikkei a ser presidente da CJB. Crédito de fotos: Henrique Minatogawa 

"Por um tempo, fiquei um pouco deslocado. Por mais que estejamos no Brasil, houve um choque cultural. Algumas pessoas logo aceitam o fato de eu não ser nikkei. Com outros, mais conservadores, houve algumas barreiras. Fui quebrando-as aos poucos", conta Eude Gomes, 37 anos, atual presidente.

O interesse de Eude pela cultura japonesa começou com as artes marciais (karate e ninjutsu) e pela religião (budismo e xintoísmo). Depois, passou para o estudo da língua japonesa, até ser convidado para atuar como voluntário nas comemorações do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil em 2008 e entrar oficialmente na CJB em 2009.

Perfil dos membros

Desde sua criação, centenas de pessoas já foram voluntárias na CJB em épocas diferentes. Atualmente, a comissão conta com 31 membros ativos.

"A maioria das pessoas que vêm falar comigo dizem que querem ajudar. Ajudar e adquirir experiência em alguma coisa", conta Eude. "A visão de fora ainda é de que o Bunkyo é só para japoneses. O Bunkyo não é só para japoneses; é para a sociedade brasileira como um todo. É a porta do Japão para o Brasil e do Brasil para o Japão".

Segundo Eude, a proporção de descendentes e não descendentes está equilibrada, assim como a de gênero. Em relação à idade, o membro mais novo tem 18 anos, enquanto o mais velho tem 33.

A CJB organiza atividades próprias, assim como ajuda voluntariamente em eventos de outras entidades. Um dos principais eventos da casa é a Revitalização, conhecida como "Revi". Trata-se de um fórum em que participam entidades nikkeis de todo o Brasil, realizado anualmente desde 1996 – antes mesmo de a CJB existir formalmente.

"O foco da Revi é a liderança; é falar com os líderes de cada entidade. Os líderem captam e colocam as ideias em prática nas suas respectivas entidades", explica Eude.

"No ano passado, participou um seinenkai que estava quase acabando. Com a Revi, esse seinenkai captou ideias e fez intercâmbio com outros seinenkais. Com isso, ele conseguiu fazer uma renovação e voltou à ativa", comemora Eude.

Dificuldades

Assim como muitas entidades de voluntários, a Comissão de Jovens do Bunkyo precisa lidar com dificuldades de ordem financeira.

"Como a comissão é independente, sobrevive com patrocínios para eventos e eventuais doações. Tudo que fazemos é sem fins lucrativos. Para alguns eventos, recorremos à Secretaria de Cultura ou à Lei Rouanet", explica Eude.

Outra dificuldade atual é contar com poucos voluntários. De maneira geral, o número de eventos da comunidade nipo-brasileira diminuiu, especialmente em relação aos anos próximos do Centenário.

A atuação em eventos é o principal atrativo para as pessoas que querem ser voluntárias. Com a redução do número deles, menos voluntários procuram as entidades.

Criada em 1997, Comissão tem como objetivo preservar e divulgar a cultura japonesa no Brasil. Crédito de fotos: Henrique Minatogawa

Experiência

"Quando eu entrei, um ex-presidente me disse que, a partir daquele momento, teria que aprender algumas coisas, que eu levaria o nome da Comissão. Isso, eu levei à risca, porque sei que preciso ter uma postura certa", conta Eude.

O atual presidente acrescenta que a atuação na entidade trouxe benefícios também para a sua vida pessoal. "Acrescentou muito, tanto pessoalmente como profissionalmente. Pude aplicar toda essa experiência na minha profissão. Isso faz muita diferença no currículo. Compreendo melhor as pessoas que estão à minha volta", afirma Eude, que trabalha em uma empresa de leilões.

Kenji Murayama, 26, descendente de terceira geração, estudante de engenharia e membro da CJB desde 2008, ratifica a ideia. "Cresci muito, aprendi muito. No começo, era muito tímido. Hoje, sou mais extrovertido, converso com todo mundo. No momento em que se entra para um grupo, a pessoa acaba tendo novos desafios, novas conquistas e acaba crescendo muito", conta.

"[A experiência] Ajudou em entrevistas para estágio. Em uma delas, perguntaram se eu fazia trabalho voluntário. Expliquei que sim e como era. Isso, para a empresa, era um ponto importante, pois mostra que a pessoa trabalha em equipe e sabe lidar com pessoas de diferentes tipos", completa Kenji.

Eude conta uma história curiosa sobre a CJB. "Dois voluntários se conheceram em um evento nosso em 2012. Agora, em 2014, vão se casar. Eles vão fazer uma homenagem à Comissão por terem se conhecido aqui", finaliza.

 

* Site: http://www.seinenbunkyo.com.br/

 

© 2014 Henrique Minatogawa

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About the Author

Henrique Minatogawa é jornalista e fotógrafo, brasileiro, nipo-descendente de terceira geração. Sua família veio das províncias de Okinawa, Nagasaki e Nara. Em 2007, foi bolsista Kenpi Kenshu pela província de Nara. No Brasil, trabalha na cobertura de diversos eventos relacionados à cultura oriental. (Foto: Henrique Minatogawa)

Atualizado em julho de 2020

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