Fiz soba para o jantar hoje. Soba é um macarrão japonês feito com farinha de trigo sarraceno. Minha lembrança de macarrão soba é comê-lo com minha obachan (avó) em um restaurante onde cresci, chamado Oki's, em Monterey Park, Califórnia, que não está mais aberto.
Eu devia ter uns seis anos quando um dia estava na casa do Oki com minhas duas tias. Eu estava tentando explicar a eles que queria soba.
Embora naquela época eu não soubesse como eles eram chamados. Nunca soube as palavras japonesas para as coisas que comia. Ainda chamo inari de “futebol”. No restaurante, o soba não estava no cardápio. Na verdade, ninguém pediu soba, mas foi servido como acompanhamento, se solicitado.
Eu ficava dizendo: “Quero macarrão preto”.
Eles não tinham ideia do que eu estava falando. Aí eu disse que não tinha molho o que os deixou mais confusos. Todo macarrão japonês vem com um pouco de molho ou caldo na cabeça. A pobre garçonete também estava tentando ajudar.
Eu queria macarrão com tinta de lula, perguntou uma pessoa.
"NÃO!"
Eu era uma criança teimosa e exigente. Então, um deles afirmou que o macarrão preto japonês é, na verdade, venenoso e não comestível.
Então comecei a me preocupar se realmente existia macarrão preto japonês. Eu inventei isso? Por que ninguém sabia do que eu estava falando? Por que minhas tias não sabem do que estou falando?
Se minha obachan estivesse aqui, ela saberia o que pedir! No final das contas, eles me pediram o meu de sempre, ou o que meu avô diz que todo yonsei (nipo-americano de quarta geração) gosta, frango teriyaki com tempura de camarão.
Avanço rápido para os dias atuais.
Agora tenho vinte e oito anos. Oki's não está mais aberto na minha cidade natal. Agora moro em Seattle e nunca mais pedi soba em um restaurante japonês.
Levei algum tempo para perceber que o macarrão preto de que eu estava falando era macarrão soba. Minha família ainda se lembra da minha história do soba e a usa como exemplo de como meu gosto pela comida japonesa é diferente do resto da família.
Na verdade, não consigo me lembrar da última vez que comi essa coisa. Mas ontem, no mercado japonês, decidi que era hora de experimentar macarrão preto.
© 2012 Chanda Ishisaka
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