Nota: Esta história é sobre o Natal de uma família nikkei brasileira.
Como o Brasil é um país católico, o Natal é considerado o maior acontecimento do ano.
É costume os familiares se reunirem em cada lar, confraternizando-se em volta da mesa farta, trocando presentes e se divertindo.
Quando criança, a minha maior alegria era entrar no mês de dezembro e já ir pensando na decoração de Natal. Ainda hoje, conservo na memória como era a primeira árvore de Natal que ganhei de minha mãe. Lembro-me bem que nós duas juntas escolhemos uma árvore verde de 60 centímetros, assim como os enfeites que eram maravilhosas bolas brilhantes, pequenos papais-noéis e anjinhos. E todos os anos, eu armava e enfeitava essa árvore como se fosse um tesouro. Nossa casa tinha uma entrada em cuja porta havia na parte de cima uma espécie de abertura horizontal protegida por vidro. Cada ano era emocionante planejar como decorar essa parte.
Meu pai tratava de providenciar a “Cesta de Natal” para nós. O pagamento era feito a cada mês e, pouco antes do Natal, um grande caminhão trazia a tão esperada Cesta de Natal. A vizinhança era toda de famílias brasileiras, mas talvez por não ter condições de fazer o pedido da cesta, no dia da chegada todos ficavam observando com curiosidade.
Bem, quanto ao conteúdo... ah, era tudo novidade, difícil de se ter nos dias comuns. A maioria era de produtos importados como nozes, castanhas, avelãs, tâmaras, figos secos, damascos. Além destes, queijos e salames finos e também champanhe.
Cestas de Natal como as de antigamente não existem mais, porém, de uns tempos para cá as empresas costumam distribuir cestas a seus funcionários. Não se trata propriamente de um presente, elas estão seguindo a legislação trabalhista que prevê isto. De janeiro a novembro é distribuída a Cesta Básica com produtos alimentícios básicos e, no mês de dezembro, uma Cesta de Natal.
Como fui funcionária pública por longos anos, nunca havia recebido uma Cesta de Natal, mas tinha vontade de ganhar uma pelo menos uma vez.
Então, em 2009 fui trabalhar em uma escola particular. E pela primeira vez na vida passei a receber todo mês a Cesta Básica e, qual não foi a minha surpresa quando, chegando dezembro, uma Cesta de Natal foi entregue em casa. Como eu nem esperava por isso, foi com muita expectativa que abri a cesta. Não era tão luxuosa como a de antigamente, mas continha alguns produtos sofisticados.
Fiquei agradecida pela cesta, pois me fez ficar com saudades do Natal de minha infância.
© 2011 Laura Honda-Hasegawa