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O FBI e o rádio (Inglês)

(Inglês) O meu pai era uma pessoa determinada. Tem uns dois incidentes que eu nunca vou esquecer. Mais ou menos um mês e meio depois de 7 de dezembro, dois homens bateram na nossa porta, vestidos com terno escuro e usando chapéu. Eles eram do FBI. Calhou do meu pai estar em casa naquela hora; talvez fosse um domingo de tarde. Os homens disseram – um deles perguntou: “Você tem um rádio de ondas curtas aqui? Porque nós temos que reportá-lo. Se você tem algum rádio que capta ondas curtas, você tem que reportá-lo”. A gente digeriu o que eles haviam dito. E o meu pai respondeu: “Tenho”. [O agente do FBI] disse: “Pega o rádio”. O meu pai então falou: “Vocês podem entrar”. “Não, traz você mesmo o rádio para fora”. Então ele trouxe o rádio para fora e o cara perguntou: “Você tem uma mesa?” Então o meu pai trouxe uma mesinha para fora e colocou o rádio na mesa. Mas ao invés de examinar o rádio com cuidado, o [agente do FBI] pegou uma chave de fenda que ele tinha no bolso de trás e começou a abrir a parte de trás do rádio. Pluck, pluck ... Sabe, ele não estava desatarrachando. Ele estava arrancando [a parte de trás do rádio], e aí colocou a mão lá dentro e começou a puxar os fios e os tubos!

Eu sabia o que ele queria fazer; ele queria que o rádio parasse de funcionar. Então o meu pai disse: “Ah, espera aí. Eu te ajudo”. E os caras ficaram sem entender o que ele queria fazer. [O meu pai] foi até a parte de trás da casa – e naquele tempo, praticamente todas as casas japonesas tinham um fogão do lado de fora. Muitas vezes a gente fervia água ali ou cozinhava nosso arroz do lado de fora, sabe, no caldeirão? E é claro que você tinha lenha para fogueira e um machadinho, certo? Então [o meu pai] pegou o machado e, minha nossa, os caras do FBI acharam que ele vinha atacá-los. Eles colocaram a mão nas suas pistolas e eu pensei: “Meu Deus, por favor”.

E*: Ah, então você estava lá mesmo?

Ah sim, eu estava lá mesmo. E ele continuou andando até o rádio e começou a quebrá-lo. Bang, bang, bang, bang. E então ele disse: “Para te poupar o trabalho. Aqui está”. Os caras ficaram tão estupefatos que foram embora direto. O meu pai pegou o rádio, colocou numa saca, colocou na lata de lixo, e aquilo foi tudo. Aquele havia sido o nosso presente de Natal. E assim ficamos sem rádio.

* “E” significa “entrevistador”.


Data: 31 de maio de 2001

Localização Geográfica: Califórnia, Estados Unidos

País: Watase Media Arts Center, Japanese American National Museum

Entrevistados

O Senador Daniel K. Inouye nasceu em 7 de setembro de 1924 em Honolulu no Havaí. Ele foi testemunha do ataque japonês a Pearl Harbor e aos 18 anos entrou para o exército americano, juntando-se ao 442º Time de Combate Regimental.

Após o resgate do Batalhão Perdido, o Senador Inouye recebeu a Estrela de Bronze, como também uma comissão de campo de batalha como segundo tenente. Mais tarde, durante uma batalha intensa na Itália, o Senador Inouye perdeu seu braço direito devido a uma explosão de granada. Pelos seus feitos naquele dia, ele recebeu a Cruz por Distinção no Serviço, a segunda medalha militar de maior importância nos Estados Unidos.

Após a guerra, o Senador Inouye se tornou o primeiro representante do Havaí no congresso americano quando o Havaí passou a ser um estado em 1959. Em 1962, ele foi eleito para o Senado dos Estados Unidos e foi reeleito a cada seis anos desde então. O Senador Inouye, do partido Democrata, foi o primeiro americano de descendência japonesa a atuar numa das câmaras do congresso americano.

Em 2000, o Senador Inouye e 20 outros veteranos asiático-americanos foram homenageados numa cerimônia na Casa Branca. As medalhas que eles haviam recebido na Segunda Guerra Mundial receberam uma “promoção” há muito merecida, a Medalha de Honra.

Ele morreu em dezembro de 2012, aos 88 anos de idade. (Dezembro de 2012)

Katayama,Robert

Sendo obrigado a manter um diário que mais tarde foi confiscado, aparentemente pelo FBI (Inglês)

Havaiano nissei que serviu na II Guerra Mundial com o 442º Time de Combate Regimental

Kochiyama,Yuri

A prisão do pai (Inglês)

(1922–2014) Ativista política e de direitos civis.

Uyehara,Grayce Ritsu Kaneda

A importância da educação para contar fatos omitidos (Inglês)

(1919-2014) Ativista de direitos civis e indenizatórios pela encarceração dos nippo-americanos durante a II Guerra Mundial.

Yamauchi,Wakako Nakamura

Sua experiência como estudante nippo-americana no Oceanside, California, depois do bombardeio a Pearl Harbor (Inglês)

(1924-2018) Artista e escritora teatral

Shibayama,Art

Pensamentos no ambiente pós 11/09 nos E.U.A (Inglês)

(1930-2018) Nissei, nascido no Peru. Levado para os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial

Yamasaki,Frank

Perda da adolescência sem preocupações no Centro de Reuniões Puyallup (Inglês)

(n. 1923) Nissei de Washington. Recusou-se a se alistar durante a Segunda Guerra Mundial

Yamasaki,Frank

Memórias das condições de poeira na prisão do acampamento Minidoka (Inglês)

(n. 1923) Nissei de Washington. Recusou-se a se alistar durante a Segunda Guerra Mundial

Yamasaki,Frank

Tomando a decisão de resistir ao plano (Inglês)

(n. 1923) Nissei de Washington. Recusou-se a se alistar durante a Segunda Guerra Mundial

Kanemoto,Marion Tsutakawa

Saque da casa da família pelo FBI após o bombardeio de Pearl Harbor (Inglês)

(n. 1927) Nissei nipo-americana. Sua família retornou voluntariamente ao Japão durante a Segunda Guerra Mundial

Kanemoto,Marion Tsutakawa

Testemunhando a prisão do pai a partir dos olhos de uma criança (Inglês)

(n. 1927) Nissei nipo-americana. Sua família retornou voluntariamente ao Japão durante a Segunda Guerra Mundial

Azumano,George

Dispensado do exército americano após Pearl Harbor (Inglês)

(n. 1918) Fundador da Agência de viagem Azumano Travel

Yuzawa,George Katsumi

Reação ao discurso de Mike Masaoka de 1942, Secretário Nacional da Liga de Cidadãos Japoneses Americanos (Inglês)

(n. 1915) Florista Nissei que se fixou em Nova York depois da Segunda Guerra Mundial. Integrante ativo do movimento sobre direitos civis dos Nipo-Americanos

Yuzawa,George Katsumi

A morte da irmã em outubro de 1942 (Inglês)

(n. 1915) Florista Nissei que se fixou em Nova York depois da Segunda Guerra Mundial. Integrante ativo do movimento sobre direitos civis dos Nipo-Americanos

Yuzawa,George Katsumi

A primeira impressão da cidade de Nova York na época da guerra (Inglês)

(n. 1915) Florista Nissei que se fixou em Nova York depois da Segunda Guerra Mundial. Integrante ativo do movimento sobre direitos civis dos Nipo-Americanos

Yuzawa,George Katsumi

A compaixão dos vizinhos após Pearl Harbor (Inglês)

(n. 1915) Florista Nissei que se fixou em Nova York depois da Segunda Guerra Mundial. Integrante ativo do movimento sobre direitos civis dos Nipo-Americanos