(Espanhol) Naquela época eu ainda era pequeno, mas no interior não se notava nada; não havia aquelas atitudes, digamos, desagradáveis que os peruanos tomavam contra os nikkeis, sabe? Mas eu me lembro que em 1947, depois que retornamos a Lima e dois anos depois da guerra ter acabado. Mesmo assim, certas pessoas ainda tinham uma espécie do medo.
Eu me lembro que quando minha família chegou em Lima as escolas já tinham começado, de forma que eles não puderam me matricular. Meu pai disse: “Você não vai passar esses meses sem fazer nada. Começa então a aprender um pouco de japonês.” E naqueles dias, em 1947, os japoneses e seus descendentes ainda não podiam se reunir livremente, de forma que nós íamos a uma escolinha praticamente clandestina.
Essa escola ficava numa rua chamada Corcovado, a uma quadra de Girón e Cuzco; era uma ruela larga. No segundo andar ficava o sensei (mestre), chamado Hirose. Na sala de aula tinha crianças pequenas, alguns um pouco mais velhos, e outros mais velhos. Todos na mesma sala de aula. E assim ele nos ensinava japonês, nihongo. Na hora de ir embora, porque nós não podíamos sair em grupo, tínhamos que sair em pares – primeiro dois saíam, alguns minutos se passavam, e mais outros dois iam embora. Era assim, disfarçadamente. Incrível, já que dois anos tinham se passado desde o final da guerra.
Data: 7 de outubro de 2005
Localização Geográfica: Califórnia, Estados Unidos
Interviewer: Ann Kaneko
Contributed by: Watase Media Arts Center, Japanese American National Museum.