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Encontro com Malcolm X (Inglês)

(Inglês) Um dia ele apareceu na corte e todos os garotos negros, eles correram para o salão de espera da corte – e rodearam o Malcolm, apertaram sua mão, e ele ... Eles estavam rindo e conversando e tudo o mais. Mas como eu não era japo... – quer dizer, como eu não era negra, eu pensei: “Eu não deveria ir até lá”. Porque eu me lembro de um artigo na revista Life sobre uma menina branca que se aproximou do Malcolm enquanto ele estava comendo e perguntou: “O que eu posso fazer por você?” – o que é uma coisa estranha para perguntar ao Malcolm. Ele só disse: “Nada”. E ela saiu chorando. Eu pensei: “Espero que algo assim não aconteça”. Talvez aquilo fosse coisa só para negros. Mas eu queria tanto conhecê-lo. Eu então perguntei às pessoas de cargo mais alto que estavam por ali: “Vocês acham que eu talvez pudesse tentar...” Eles haviam formado um círculo em volta do Malcolm. Um deles disse: “Bom, se você quiser tentar, mas ele pode te mandar ficar à distância”.

Então eu decidi tentar e fui me aproximando cada vez mais. Eu pensei: “Se ele olhar na minha direção eu vou aproveitar a chance para dizer alguma coisa”. Eu não sabia o que dizer, mas ele deu uma olhada uma vez. Então eu perguntei: “Eu posso apertar a sua mão?”
Ele perguntou: “Por que?”
E – e eu fiquei sem saber o que dizer. O que eu poderia ter respondido? “Eh ... Para te dar parabéns”. E ele perguntou: “Por que?”
E eu respondi: “Pelo que você tem feito pelas pessoas da sua raça”.
E ele disse: “O que é que eu tenho feito pelas pessoas da minha raça?”
E eu tive que pensar bastante para conseguir dar uma resposta. Eu disse: “Você está guiando elas”. Então ele saiu para fora do grupo. Ele esticou o braço, eu corri e agarrei as mãos dele. Foi um desses momentos de sorte mesmo.

Mais tarde, eu me juntei ao grupo dele e ia escutá-lo todas as semanas. Ele era uma pessoa tão especial. Você podia sentir isso. Não sei como explicar – ele era diferente. Talvez fosse algo espiritual, ou seu ... Ele era um líder nato. Ao mesmo tempo, ele era bem simples, despretencioso, e eu acho que ele realmente era uma pessoa bem modesta.


Malcolm X

Data: 16 de Junho de 2003

Localização Geográfica: Califórnia, Estados Unidos

Entrevistado: Karen Ishizuka, Akira Boch

País: Watase Media Arts Center, Japanese American National Museum.

Entrevistados

Yuri Kochiyama (nascida Mary Nakahara) nasceu no sul da Califórnia na comunidade de San Pedro em 1922. Era “provincial, religiosa, e apolítica” até o bombardeio do Japão, em 7 de Dezembro de 1941, contra a base naval dos EUA em Pearl Harbor no Havaí, que levou o governo a encarcerar todos os nippo-americanos em dois campo de concentração. Sua detenção em dois campos de concentração durante a guerra no segregado sul dos Estados Unidos, a fez perceber os paralelos entre o tratamento aos nikkeis e aos afro-americanos.

Depois da guerra, casou-se com Bill Kochiyama, veterano de um segregado batalhão de nippo-americanos que morava na cidade de Nova Iorque. Em 1960, a família Kochiyama se mudou para um alojamento de baixo custo no bairro afro-americano de Harlem. Seu envolvimento político no local mudou sua vida, especialmente depois do encontro com o nacionalista negro e revolucionário, Malcolm X, assassinado dois anos depois. Desde então, tem longa história como ativista pela liberação dos negros, a compensação aos nippo-americanos, a oposição a Guerra do Viatnã, a oposição ao imperialismo geral e o aprisionamento de pessoas que combatem a injustiça.

Ela morreu em 1 de junho de 2014, aos 93 anos de idade. (Junio de 2014)