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“Campos de concentração da América”

Então, na oitava série, quando estudávamos história americana, tínhamos terminado o capítulo sobre a Segunda Guerra Mundial e estávamos prontos para seguir em frente. E uma vez alguém me perguntou qual foi a coisa mais ousada que eu já tinha feito. Era uma entrevista com mulheres executivas, então a maioria das pessoas contava alguma história sobre algo que tinha acontecido nos negócios. E eu pensei sobre isso e disse: "A coisa mais ousada que já fiz foi que, na oitava série, levantei a mão e perguntei à minha professora, nesta sala de aula só de meninos e meninas brancos e eu, por que não estudamos sobre os campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial? Não os da Alemanha, mas os aqui nos Estados Unidos, onde meus pais estavam", não usávamos a palavra encarcerados naquela época, talvez disséssemos internados, "durante a guerra". E a sala ficou em silêncio.

E minha professora fez uma pausa e disse: "Bem, o que Wendy disse é verdade. Eles de fato removeram os nipo-americanos da Costa Oeste. Foi para a proteção deles." E ela meio que deixou por isso mesmo. E eu me lembro de pensar, por dentro, que você está mentindo, é mentira. Mas eu não tive coragem de realmente insistir. Tive coragem de perguntar por que não tínhamos estudado o assunto, mas não me senti à vontade para confrontar minha professora, que disse que isso foi feito para proteger meus pais.

Mas tenho plena consciência de que, ao longo da minha infância – e isso se aplica a muitos dos meus amigos sansei –, experiências semelhantes, nossos pais nunca realmente conversaram sobre o que aconteceu durante a guerra. Eu simplesmente sabia que isso teve um grande impacto no meu pai.


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Data: 03 Jul. 2025

Localização Geográfica: Califórnia, Estados Unidos

Entrevistado: Kaori Nemoto

País: Watase Media Arts Center, Museu Nacional Nipo-Americano; Associação de Advogados Nipo-Americanos

Entrevistados

Nascida em 1950, filha de pais nisseis, Wendy Shiba cresceu no subúrbio de Westlake, Ohio, totalmente branco. Apesar da falta de representação, Shiba buscou o ensino superior como a primeira mulher de sua família a fazê-lo, sendo a primeira de sua geração. Após se formar na Faculdade de Direito Temple como a primeira da turma, Shiba ocupou diversos cargos de prestígio, incluindo o de assistente jurídica do Juiz Associado Stanley Mosk, da Suprema Corte da Califórnia, professora de direito, advogada de grandes empresas e executiva de alto escalão de uma empresa listada na Fortune 500.

Por meio de suas experiências profissionais, Shiba desenvolveu uma paixão por promover alianças, DEI e mentoria no local de trabalho e na comunidade. Ela foi presidente da NAPABA de 2012 a 2013 e membro do conselho do Museu Nacional Nipo-Americano desde 2009.

Shiba hoje defende comunidades marginalizadas como presidente do Centro para Diversidade, Equidade e Inclusão da ABA. Ela espera que os jovens reflitam sobre como se aliar a comunidades que estão especialmente em risco de discriminação e enfrentam ameaças constantes às suas liberdades civis hoje em dia. (Setembro de 2025)

 

*Esta entrevista foi realizada como parte do Projeto Legado da Associação de Advogados Nipo-Americanos (JABA) pelo Programa de Estágios Comunitários Nikkei (NCI), coorganizado pela JABA e pelo Museu Nacional Nipo-Americano todo verão.

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