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Sacrifício do Pai (Inglês)

(Inglês) O único trabalho que ele poderia conseguir e muitos homens isseis poderiam conseguir, era trabalhar em um lugar chamado Darlings, que processava os animais mortos das terras agrícolas vizinhas. E eles touxeram essa vaca enorme e me lembro. Eles colocaram correntes nela e simplesmente tiraram a pele imediatamente. Era uma visão incrível. E eles traziam as peles até o porão para serem curtidas e curadas em couros. Era onde meu pai trabalhava. Felizmente, nunca cheguei a trabalhar lá. Todos os meus irmãos trabalharam lá durante o verão em empregos de verão.

Esse lugar era um inferno. Não posso descrevê-lo como outra coisa a não ser o inferno. Em dias de verão, quando uma pilha de fumo estava subindo completamente, simplesmente cobria toda a cidade de Chatham com um, Deus, horrível mau cheiro. McGregor Creek, que estava a dois passos de distância da nossa casa, você não conseguia ver a água porque havia muita espuma nela. Isso foi muito antes de existir a consciência da poluição e ecologia e todas essas coisas. Agora você não pode escapar disso.

Eu só fui lá uma vez quando minha mãe disse: "Leve ao seu pai esse bento, esse jantar porque ele está trabalhando até tarde." Então, eu disse que tudo bem, subi em minha bicicleta, pedalei. E levei o bento e desci para o porão, os degraus de concreto, ao seu local de trabalho.

E foi como, Deus! Era nojento. Estavam empilhados com peles, em camadas com sal. Havia sangue e salmoura deslizando no chão. As paredes estavam salpicadas com o sangue e o cheiro era insuportável. Era quase como outra dimensão, era tão poderoso. E então ele saiu e estava vestido com um avental de borracha preta com botas de borracha pretas e havia facas enfiadas em sua cintura. E eu não sei. Ele parecia tão cansado. Ele parecia tão morto de cansaço, como se sua vida estivesse indo pelo ralo, com todos os terríveis outros resíduos do local de trabalho. Então, eu lhe entreguei seu jantar e fui embora. Quer dizer, eu corri para fora de lá, porque se eu ficasse lá mais um segundo, ficaria doente e teria acrescentado o meu vômito naquele chão já nojento. E essa era a sua vida.

Agora, ele morreu quando eu estava naquela fase em que estava tentando estabelecer a minha própria identidade e que era a progressão natural das coisas, em que estava me rebelando. E eu estava me rebelando contra ele, porque ele era uma pessoa muito opressiva, severa. Não me lembro de um relacionamento caloroso de pai-filho com ele, porque ele era issei. Ele era um homem issei e eles não demonstravam muita emoção. Embora eu tenha certeza de que ele me amava, e ele nos amou como família, porque de que outra forma ele conseguiria levantar todas as manhãs para entrar naquele buraco do inferno?

Assim, ele morreu e meu único arrependimento é que eu nunca tive a chance de dizer a ele que, “Ok, eu percebo agora a magnificência de sua coragem em entrar nesse porão todas essas manhãs para que pudéssemos ter uma vida melhor”.


famílias papais

Data: 9 de fevereiro de 2011

Localização Geográfica: Califórnia, Estados Unidos

Entrevistado: Patricia Wakida, John Esaki

País:

Entrevistados

Tamio Wakayama nasceu em New Westminster, British Columbia, em 1941, pouco antes do ataque japonês a Pearl Harbor. Sua família estava entre os 22.000 nikkeis nipo-canadenses que foram declarados como estrangeiros inimigos, privados de suas propriedades e confinados em campos de concentração pelo governo canadense. Os Wakayamas foram enviados para o campo de concentração Tashme em uma parte remota de British Columbia durante a Segunda Guerra Mundial. No fim da guerra, forçados a escolher entre a deportação para o Japão ou a realocação para o leste de Rockies, a família Wakayama permaneceu no Canadá, estabelecendo-se finalmente em um bairro pobre de Chatham. Amigos de Tamio da vizinhança eram crianças negras descendentes de escravos que tinham escapado por meio da linha férrea subterrânea.

Em 1963, Tamio deixou os estudos universitários e viajou ao sul para se juntar ao Movimento Americano dos Direitos Civis, em Mississippi, passando dois anos como membro da Coordenação Estudantil Pacifista e começando a documentação fotográfica de suas experiências. O trabalho de Tamio foi apresentado internacionalmente em locais de prestígio como o Smithsonian Institution e suas fotografias apareceram em inúmeros documentários de TV e filmes, revistas, livros, capas de livros e catálogos. Tamio é autor de dois livros importantes e está atualmente trabalhando em uma exposição retrospectiva e em um livro de memórias.

Ele morreu em março de 2018, aos 76 anos de idade. (Junho de 2018)

George Ariyoshi
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Passando o tempo com as crianças (Inglês)

(n. 1926) Político democrata e governador do Havaí por três mandatos

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Jean Hayashi Ariyoshi
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Casando (Inglês)

Ex-primeira dama do Havaí

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Jean Hayashi Ariyoshi
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Possibilidade de ser adotado pela tia (Inglês)

Ex-primeira dama do Havaí

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Kazuo Funai
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Primeiro trabalho na América (Japonês)

(1900-2005) Empresário issei

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James Hirabayashi
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Pouca interação com os pais (Inglês)

(1926 - 2012) Estudioso e professor de antropologia, liderou a fundação de estudos étnicos como disciplina acadêmica

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James Hirabayashi
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A experiência dos pais de Gordon na prisão (Inglês)

(1926 - 2012) Estudioso e professor de antropologia, liderou a fundação de estudos étnicos como disciplina acadêmica

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Barbara Kawakami
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Voltando para o Havaí (Inglês)

Pesquisadora e estudiosa do vestuário dos imigrantes japoneses.

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Barbara Kawakami
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Roupas dos trabalhadores de plantações (Inglês)

Pesquisadora e estudiosa do vestuário dos imigrantes japoneses.

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Barbara Kawakami
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Sobrevivendo após a morte do pai (Inglês)

Pesquisadora e estudiosa do vestuário dos imigrantes japoneses.

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Barbara Kawakami
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Lavando roupa para filipinos (Inglês)

Pesquisadora e estudiosa do vestuário dos imigrantes japoneses.

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Irmão vai para a guerra, sobrevivente (Inglês)

Pesquisadora e estudiosa do vestuário dos imigrantes japoneses.

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Executando tarefas (Inglês)

Pesquisadora e estudiosa do vestuário dos imigrantes japoneses.

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Robert (Bob) Kiyoshi Okasaki
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Família da esposa no Japão (Inglês)

(n. 1942) Ceramista nippo-americano; mais de 30 anos morando no Japão.

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Jane Aiko Yamano
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Comida de Ano Novo (Inglês)

(n. 1964) Empresária californiana no Japão. Sucessora da avó que iniciou negócios no ramo de beleza no Japão.

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Wayne Shigeto Yokoyama
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A comida ao crescer (Inglês)

(n. 1948) Nikkei do sul da Califórnia morando no Japão.

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