Select a primary language to get the most out of our Journal pages:
English 日本語 Español Português

We have made a lot of improvements to our Journal section pages. Please send your feedback to editor@DiscoverNikkei.org!

Nikkei Chronicles #5—Nikkei-go: The Language of Family, Community, and Culture

Nikkei com Y

108 anos após a vinda do navio Kasato Maru trazendo oficialmente os primeiros imigrantes do Japão, o Brasil se orgulha de ser o país com o maior número de nikkeis do mundo. Somente com esta informação, talvez uma pessoa desinformada possa acreditar que pela grande quantidade de nikkeis, o Brasil esteja acostumado com a língua japonesa, assim como atualmente está acostumado a comer sushi e assistir a animes. Ledo engano...

Mesmo em São Paulo, onde se concentra a maioria dos nikkeis, as pessoas não têm afinidade com a língua japonesa. Não existe palavra como o ciao do italiano, que virou “tchau” no português, que todos os brasileiros entendem e utilizam. Mesmo palavras japonesas incorporadas aos dicionários da língua portuguesa não são comuns e têm sua pronúncia errada na grande mídia. Tsunami é pronunciado “tissunami” e dekasegi virou “decasségui”, por exemplo. Alguns nikkeis também pronunciam estas palavras de forma errônea. Afinal, já temos descendentes na quinta geração e, caso não tenham estudado a língua, devem conhecer no máximo algumas palavras do nikkei-go. Além do desconhecimento, existe a conivência de alguns influentes conhecedores da língua japonesa: deixe assim – é mais fácil para “eles”.

Diz minha mãe que até eu ingressar na pré-escola, eu falava mais japonês do que português. Também diz ela que eu aprendi primeiro a escrever em japonês, já que com 5 anos comecei a frequentar o nihongo-gakko de São Bernardo do Campo. Mas foi com minha obaachan, que como todo bom nikkei ou imigrante misturava o português com a língua japonesa, que eu aprendi o “meu japonês”. Dou risadas quando lembro de nossas frases (minha e de minhas irmãs) quando pequenos conversando com a nossa obaachan. Ela nos fazia orar no hotokesan (altar budista) todas as manhãs e perguntava: “mou ogamimashitaka?”(já orou?) – e nós respondíamos: “já ogandei”, conjugando o verbo japonês como na gramática portuguesa.

Alunos do nihongo-gakko de São Bernardo do Campo e do Gakushukan (Santo André) no Centro Esportivo Kokushikan no início dos anos 80.

E este japonês misturado ao português é o que eu utilizava até minha ida como bolsista ao Japão em 1994. Depois de um ano lá tudo mudou. Não consigo mais misturar o japonês e o português. Já meu pai, por exemplo, continua misturando e muito! Na conversa dele com nossos parentes japoneses ele mistura palavras em português naturalmente, como se do outro lado do telefone estivessem entendendo. E é este o “japonês” que predomina entre os descendentes, o nikkei-go, também apelidado de “batianês”: aquele japonês todo misturado ao português e com palavras antigas, até com alguns hogen (dialetos) da obaachan, ou “batiam”, como muitos escrevem e pronunciam.

Durante meu kenshu (bolsa estágio) na província de Chiba, Japão, 1994

No português brasileiro também é comum palavras terminadas em “O” e “U” se confundirem foneticamente, o que faz com que palavras japonesas também sejam grafadas e pronunciadas de forma equivocada, como por exemplo “shoyo” ao invés de shoyu ou “misoshiro” ao invés de misoshiru. Outra influência da língua portuguesa na pronúncia foi sua reforma de 1943, que emilinou as letras K, Y e W do alfabeto (voltaram na reforma de 1990) e então Tokyo virou Tóquio e Kyoto virou Quioto, citando alguns exemplos. O pior ficou para Osaka, que virou Osaca e se pronuncía “ozaka”, Nagasaki, que virou Nagasáqui e se pronuncía “nagazaki” e Hiroshima, que virou Hiroxima e se pronuncía “iroshima”. Também antes de 1943, palavras que não tinham escrita em nosso alfabeto utilizavam bastante o “Y”, como as palavras indígenas e árabes. Mas alguém deve ter acreditado que isso servia também ao japonês e grafou nikkei com “Y” (virou “nikkey”) e muitos nikkeis acreditam até hoje que esta é a forma correta. Nikkei com “Y” para mim é a típica representação da influência do português brasileiro na escrita romanizada do japonês.

Se dependêssemos somente da comunidade nikkei para a sobrevivência da língua japonesa no Brasil, provavelmente em mais alguns anos não teríamos mais ninguém que falasse o idioma. Meu filho de 7 anos por exemplo, só sabe algumas palavras bastante básicas. Todavia, nesse mundo atual globalizado e conectado, sabemos que sempre teremos a língua japonesa presente no Brasil. Mas provavelmente não mais o nikkei-go.

 

© 2016 Claudio Sampei

5 Stars

Nima-kai Favorites

Each article submitted to this series was eligible for selection as favorites of our readers and the Editorial Committees. Thank you to everyone who voted!

Brazil Japanese language portuguese pronunciation

About this series

Arigato, baka, sushi, benjo, and shoyu—how often have you used these words? In an informal survey conducted in 2010, we found that these were the most frequently used Japanese words among Japanese Americans living in Southern California.

In Nikkei communities around the world, the Japanese language symbolizes the culture of one’s ancestors, or the culture that was left behind. Japanese words often get mixed in with the language of the adopted country, creating a fluid, hybrid way of communicating.

For this series, we asked our Nima-kai community to vote for their favorite stories and an editorial committee to pick their favorites. In total, five favorite stories were selected.

Here are the selected favorite stories.

  Editorial Committee’s Selections:

  • PORTUGUESE:
    Gaijin 
    By Heriete Setsuko Shimabukuro Takeda

  Nima-kai selection:

To learn more about this writing project >>


Check out these other Nikkei Chronicles series >>