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Capítulo 7: As estações do ano no Japão

O clima no Japão varia muito conforme as estações, possibilitando caracterizar bem cada uma delas. É difícil acreditar que houve dias em que passei bastante calor aqui. Mal saía do banho e já estava suando novamente. Eu havia deixado todas as blusas de gola alta, casacos e cobertores guardados, mas ultimamente tenho retirado tudo das gavetas para voltar a usar.

Em setembro, começou o outono (aki). É tempo de caquis e vale a pena experimentar o kurigohan (arroz com castanhas). Nesta época, a coloração das folhas das árvores varia desde o vermelho até amarelo e forma uma bela paisagem que pode ser apreciada até novembro. Este fenômeno de troca de cores das folhas chama-se kouyou. Parece que para se ter um bonito kouyou, é preciso ter uma grande diferença de temperatura entre o dia e a noite, as folhas devem receber grande quantidade de raios ultravioleta e também deve haver umidade adequada para que as folhas não sequem.

Em época de caquis

Gostei do clima do outono, pois é agradável, ensolarado com brisas frequentes e temperatura mais fresca que o verão, não chegando a ser um frio congelante. O péssimo é que acontecem tufões às vezes. É um vento muito forte, que não só levanta a areia de parques como pode destruir casas e a chuva forte que vem chega às vezes a causar alagamentos e mortes.

É perigoso sair de casa quando há previsão de passagem de tufões pela região. O último tufão forte que passou aqui foi o Melor e fiquei assustada com a indiferença demonstrada por alguns estudantes japoneses, que continuaram treinando tênis e beisebol nos campos externos da universidade, durante os ventos fortes que levantavam a poeira e fizeram voar placas de sinalização de trânsito. Enquanto isso, eu estudava na biblioteca e até cogitava passar a madrugada por lá. Como não estou acostumada, fiquei com receio, mas para eles é normal e conseguem distinguir um tufão realmente perigoso.

O outono é a época de colheita de arroz. Tive oportunidade de conhecer parte do processo. Utilizamos um facão para colher o arroz e depois penduramos os maços para que secassem ao sol por algumas semanas. Após a secagem, fizemos a separação dos grãos com a ajuda de uma máquina simples, para retirar talos da planta, palha do arroz, torrão de terra, pedras, pedaços de saco de juta, estopas, entre outros. É claro que existem máquinas que agilizam todo o trabalho, mas fizemos pelo método tradicional para conhecer como era feito no passado.

Arrozal

Em breve começará o inverno (fuyu), que vai de dezembro a fevereiro. É seco e regularmente o sol aparece. O ofuro (banheira de água quente) e onsen (águas termais) são opções para relaxar e esquentar-se nessa estação. Enquanto o oeste e o norte do Japão são extremamente frios, a parte sul tem um tempo mais agradável, onde a temperatura raramente chega abaixo dos 0 °C.  No norte neva bastante e é onde acontece o mais famoso festival de esculturas de neve, que é o de Sapporo, em Hokkaido. São feitas esculturas gigantescas de neve e gelo, e vêm pessoas de todos os lugares do mundo para apreciar e participar. No caso de Fukuoka, não estou muito ansiosa para ver como é o inverno na região porque a temperatura e tempo que estão fazendo ultimamente estão bem agradáveis e na minha opinião, se seria bom se fosse sempre assim.

A primavera (haru) começa em março. A chegada da primavera é marcada pelo florescimento das ameixeiras e das cerejeiras (sakura). Especialmente nessa época, o Sakura tem um importante papel também na culinária japonesa. Doces, sorvetes, bebidas e várias guloseimas ganham o toque das flores tanto no formato quanto no sabor. O “sakura-mochi”, bolinho de arroz enrolado na folha de cerejeira é um dos pratos mais tradicionais.

As cores da primavera no Japão

Muitos japoneses gostam desta época, pois não faz muito calor nem muito frio. Não chove tanto e as flores com cores vivas enfeitam os jardins deixando as ruas mais bonitas. A primavera japonesa vai até maio. Apreciar as flores das cerejeiras é um passatempo popular e muitas festas são feitas sob as cerejeiras floridas para celebrar a chegada da primavera. Este costume é chamado hanami – apreciação das flores. Nesta estação, as previsões do tempo regularmente incluem as datas em que as flores aparecerão nas diferentes partes do país.

Em meados de junho começa a chover. A estação das chuvas (tsuyu) é importante para os agricultores, principalmente à colheita do arroz, já que o arroz é uma planta hidrófila, sendo as culturas irrigadas são as mais desejáveis. O céu está quase sempre escuro, as roupas no varal demoram muito tempo a secar e chove quase todos os dias. É tempo de se carregar o guarda-chuva todos os dias e período em que as botas de plástico chegam às vitrines. As capas de chuva também ocupam lugares de destaque nos mercados. É difícil encontrar alguém que goste desta época. O que é bem inconveniente nesta época é o barulho das cigarras, principalmente para quem mora perto de parques e áreas de muito verde. Às vezes, eu torcia para chover porque assim o barulho das cigarras diminuía.

O período chuvoso dura quase um mês e depois disso, o tempo torna-se extremamente quente. O verão é muito úmido e quente. É desagradável ficar dentro de ambientes fechados sem ar-condicionado ou ventilador. É tempo de freqüentar praias e ver a diferença de tamanho dos biquínis do Japão com os do Brasil.

Verão: época para se aproveitar as praias

As japonesas protegem-se do sol usando luvas, sombrinhas, casacos e chapéus. Por mais que esteja calor, algumas japonesas ficam totalmente cobertas para se proteger dos raios ultravioletas. Os transportes públicos têm suas temperaturas ajustadas. Vale a pena contemplar e apreciar os fogos de artifício, que coincidem com as férias escolares. Coloridos, fazem parte da cultura japonesa.  É a época apropriada para escalar o Fuji, já que não há neve. Apesar disso, o frio é inevitável. No alto da montanha, temperaturas chegam a menos de 10 graus. Além do frio, cansaço, falta de ar, tonturas e mal estar podem acompanhar o aventureiro e por isso, ao terminar a escalada, fica o sentimento de “Vale a pena escalar uma vez na vida, mas acho que duas vezes, não”.

Da outra vez que vim ao Japão, não consegui perceber diferenças além do fator temperatura, pois ficava o dia inteiro dentro da fábrica e nos finais de semana não passeava muito. Desta vez, é interessante ver claramente que as diferenças entre as estações vão além de graus Celsius e que os costumes japoneses são fortemente influenciados por isso. Agora vi de perto que em cada nova estação mudam-se as cores, variam as temperaturas e modificam-se os hábitos dos japoneses.

© 2009 Silvia Lumy Akioka

Japanese Brazilians Japanese Brazilians in Japan Nikkei in Japan
About this series

My grandparents on my mother´s side left their homeland in Japan, Fukuoka, in search of a better life in Brazil. Like thousands of other immigrants, they sacrificed a lot and we owe them for our comfortable lifestyles and the values passed from generation to generation. It is with my deepest gratitude that I describe in this series the opportunity I had living as a student in Fukuoka.

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About the Author

Silvia Lumy Akioka is a Brazilian Sansei. She was a dekasegui at age 17, and on another occasion, she was an Exchange Student in Fukuoka Prefecture, when she published the series "The Year of a Brazilian Across the World" (Portuguese only) - it was her first contact with Discover Nikkei. She is an admirer of Japanese culture, and she also likes blogging about other themes. She was in Los Angeles volunteering for Discover Nikkei in April 2012, and she has been an official consultant for the project for 6 years.

Updated February 2019

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