Entrevistas
Encontrando Evidência Concreta (Inglês)
(Inglês) Eu peguei a caixa que dizia Korematsu vs.Estados Unidos e decidi começar com ela mesma. Não era o primeiro caso [jurídico], mas eu peguei um arquivo -- a caixa estava cheia de pastas de papel. Pois então, eu peguei um arquivo -- o primeiro do topo -- e o abri. E tinha um memorando. Foi literalmente a primeira página que eu dei uma olhada dentre todas encontradas naqueles registros; foi o primeiro arquivo. [Ou talvez] pode ter sido até o segundo ou o terceiro, mas quase que nos primeiros cinco minutos que eu passei lendo esses registros, encontrei esse memorando. Ele havia sido escrito por um advogado chamado Edward Ennis, do Ministério de Justiça do governo. E havia sido dirigido ao procurador-geral dos Estados Unidos, que naquela época era Charles Fahy. Eu já conhecia os nomes deles por causa dos registros do WRA [War Relocation Authority, ou Agência para o Relocamento (de Nipo-Americanos) Durante a Guerra] que eu tinha visto anteriormente -- os registros do WRA que eu e Aiko havíamos pesquisado.
E nesse memorando, que era um memorando dirigido ao procurador-geral que estava se preparando para discutir o caso Korematsu perante a Suprema Corte em 1944, Ennis tinha escrito: "Nós temos em nossa posse informações que provam que o relatório do Ministério da Guerra sobre o aprisionamento [de japoneses e nipo-americanos] é uma mentira. E temos a obrigação moral de não mentir para a Suprema Corte. Então temos que decidir se vamos retificar o registro."
Ao ler aquele documento, eu ainda me lembro nitidamente de pensar: “Meu Deus. Isso é inacreditável. Isso é como obter evidência concreta.” Temos aqui um advogado do governo prestes a ser -- num caso prestes a ser discutido perante a Suprema Corte, dizendo: “Estamos contando mentiras para a Suprema Corte”. Se eu fosse um mero historiador, eu provavelmente teria dito: "Olha, isso é bem interessante.” Algo a ser adicionado ao meu livro. Mas como um advogado, eu percebi que aquilo era -- de fato, o memorando dizia: “Isso é quase que supressão de provas”. Como advogado, eu pensei comigo mesmo: “Isso vai ser algo explosivo”.
Data: 27 de outubro de 2000
Localização Geográfica: Washington, Estados Unidos
Entrevistado: Alice Ito, Lorraine Bannai
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